Remédios com preços
controlados pelo governo deverão ter um reajuste que varia entre 5% e 7,7%, de
acordo com a categoria que pertencem. Os valores, que passam a valer a partir
do 31, foram calculados com base nos fatores divulgados nesta quinta-feira, 26,
pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
As taxas oficiais
deverão ser anunciadas pelo governo nos próximos dias, mas dificilmente deverão
variar em relação aos valores calculados agora pela indústria. As regras valem para cerca
de 20 mil itens do mercado farmacêutico, como antibióticos. Produtos com alta
concorrência no mercado, fitoterápicos e homeopáticos não estão sujeitos aos
valores pela CMED. Para esse grupo, o preço pode variar de acordo com a
determinação do fabricante.
A CMED determina três faixas
de ajuste, de acordo com a concorrência enfrentada pelo produto no mercado.
Quanto maior a concorrência, maior o porcentual permitido para reajuste. Pelos cálculos do setor, para remédios com
esse perfil o reajuste permitido será de no máximo 7,7%.
O nível intermediário, de
remédios de classes terapêuticas consideradas de concorrência mediana, o
aumento será de 6,35%. Para aqueles mais concentrados – formados por remédios
que estão ainda protegidos por patentes, como os usados em tratamento de câncer
– o porcentual máximo de aumento será de 5%. Os porcentuais estão bem acima do
que os autorizados no ano passado. Em 2014, o aumento máximo foi de 5,68% Na
classe intermediária, o reajuste concedido foi de 3,35% e o menor, de 1,02%.
Apesar de maior do que ano
passado, o setor produtivo diz que o porcentual não repõe as perdas e ameaça
demissões no setor caso mudanças na proposta sugerida pelo governo no Congresso
para desoneração de folha de pagamento não forem realizadas. O presidente do
Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos de São Paulo, Nelson
Mussolini, avalia que, se nada for feito, os cortes começam a partir de maio.
“Desde 2008, o reajuste de
preços não é suficiente para repor nossas perdas”, disse. “A situação era
administrável. Mas com o aumento do dólar, da energia e a redução do mercado, o
panorama mudou”, completou. Além da mudança na política de tributação da folha
de pagamento, Mussolini citou a negociação salarial, com a categoria, nos
próximos meses, como outro fator que pode aumentar a pressão para os custos.
O presidente da Sindusfarma
afirma que a expansão do mercado consumidor sofreu uma redução no ritmo muito
significativa nos últimos meses. “De janeiro a dezembro, o crescimento havia
sido de 13%. O crescimento no período entre fevereiro do ano passado e este
ano, no entanto, caiu 8%”, completou.
“Não queremos demitir, mas se houver tributação sobre a folha de
pagamento, se não houver compreensão dos trabalhadores da indústria no momento
da negociação do reajuste, teremos de demitir.”
VITRINE
DO CARIRI
Estadão
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