A presidente da Confederação
dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam), Vilani Oliveira,
participou de reunião, na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT/CE),
para orientar os dirigentes sindicais do ramo a entrarem com ações na Justiça
pleiteando o repasse das diferenças do Fundef, no período de 2003 a 2006.
Convocado pela Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do
Ceará (Fetamce) para o dia 9 de dezembro, o encontro reuniu representantes de
47 sindicatos das dez Regiões do Estado onde a entidade está organizada.
"A ideia é afinar o
discurso e agir em conjunto para assegurar os direitos dos servidores",
afirmou a presidente da Fetamce, Enedina Soares, antes de passar a palavra aos
assessores jurídicos presentes. Os advogados Deodato José Ramalho Neto e Natália
Mota apresentaram um levantamento preliminar dando conta de que pelo menos 70
prefeituras cearenses entraram com ações judiciais pleiteando o repasse das
diferenças pelo Governo Federal. Em apenas dezenove destes processos, os
valores a serem devolvidos aos municípios somam R$ 717 milhões. 60% destes
recursos, o que representa R$ 430,2 milhões, devem ser transferidos pelas
prefeituras aos profissionais do magistério.
Para reforçar este
entendimento, a assessoria jurídica da Confetam vai pedir ao Tribunal de Contas
da União (TCU) que se posicione sobre a correta aplicação dos recursos. A mesma
orientação está sendo dada aos sindicatos para que também provoquem os
Tribunais de Contas dos Municípios (TCMs) a se manifestarem.
Sindicalistas
temem que prefeitos usem recursos para outros fins
Entre os dirigentes
sindicais há a preocupação de que as prefeituras recebam o dinheiro e não
repassem os recursos aos professores. É o caso de Maracanaú, que recebeu R$ 57
milhões no mês de outubro, mas até hoje não repassou os 60% devidos aos
trabalhadores. “Além de não transferir o percentual para os professores, foram
descontados R$ 36 milhões destes recursos para o pagamento da dívida com a
União”, denunciou a presidente da Confetam. No dia 23 de novembro, o Sindicato
dos Profissionais em Educação de Maracanaú (Suprema) apresentou requerimento ao
prefeito Firmo Camurça exigindo que o pagamento seja assegurado. Para evitar
que as prefeituras se apropriem dos recursos, os advogados orientaram os
sindicatos cujas prefeituras entraram com processos judiciais reivindicando o
repasse das diferenças do Fundef, que também entrem com ações solicitando o
bloqueio destes valores, antes que os prefeitos utilizem as verbas para outros
fins.
Alguns sindicatos, no
entanto, abriram mão das ações judiciais e decidiram, em assembleias da
categoria, fazer acordos diretamente com os prefeitos. Foi o caso dos
servidores municipais de Itaitinga, cuja prefeitura deve receber R$ 28 milhões
este mês. Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores do Município,
Ednaldo Tavares Xavier, o prefeito se comprometeu a aplicar metade da verba (R$
14 milhões) na educação e, deste montante, destinar 65% (R$ 8,6 milhões) aos
professores, uma média de R$ 34,7 mil brutos para cada um dos 250 beneficiados,
entre efetivos e aposentados.
Acordos
só devem ser firmados se termos forem favoráveis aos servidores
O Sindicato dos Servidores
Municipais de Horizonte também optou pelo acordo. A presidente da entidade,
Valdenia Costa, afirma que dos R$ 7,2 milhões líquidos a serem recebidos pela
prefeitura, 23% (R$ 1,6 milhão) serão repassados a 679 professores contratados
e efetivos. Cada um deles deverá receber cerca de R$ 2,4 mil. Os advogados
reconheceram que a decisão pode agilizar o recebimento dos recursos, mas enfatizaram
que o sindicatos só devem abrir mão das ações judiciais quando os termos do
acordo com as prefeituras forem realmente favoráveis aos trabalhadores.
Durante a reunião, a
presidente da Confetam denunciou as investidas da Apeoc na base dos municipais
usando o falso argumento de que os sindicatos não representariam os
professores. "É lamentável que companheiros nossos se apropriem do mesmo
discurso dos prefeitos no enfrentamento com os trabalhadores para tentar
deslegitimar a representação dos servidores municipais", criticou. Vilani
Oliveira esclareceu que os sindicatos, e não a Apeoc, têm legitimidade para
representar os professores nestas ações na justiça. A atitude da Apeoc foi
repudiada pelos presentes, que repetiram várias vezes a palavra de ordem "Fora
Apeoc! Aqui não vai ter golpe!".
Ameaça
de greve nacional se o piso do magistério não for reajustado
Além da preocupação com o
repasse correto das diferenças do Fundef, os servidores municipais também estão
apreensivos com a ameaça dos Conselhos Nacionais de Secretários de Estados de
não reajustaram, em janeiro de 2016, os valores do Piso Nacional do Magistério.
Caso a ameça se concretize, a presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores
na Educação (Sindiute), Ana Cristina Guilherme, avisa: os professores farão uma
greve nacional no país. "Nossa resposta a essa ameça será dada nas ruas,
com paralisações iniciando no primeiro dia do ano letivo", adianta.
No caso da Prefeitura de
Fortaleza, a presidente da Sindiute informou que o depósito das diferenças do
Fundef deve ocorrer entre o dia 31 de dezembro e 10 de janeiro. "O
Sindiute já pediu o bloqueio dos recursos para obrigar o prefeito a negociar.
Se não houver negociação, não vai ter aula", avisou.
Sindicatos
devem consultar o site do TRF/5ª Região
A advogada Natália Mota
afirma que os sindicatos de servidores municipais podem obter mais informações
sobre os processos das prefeituras acessando o site do Tribunal Regional
Federal da 5ª Região (http://www.trf5.jus.br/), por meio do certificado digital
dos assessores jurídicos das entidades. "É só colocar o nome do município
que o site faz a pesquisa e informa o andamento dos processos",
orienta.
Fonte:
Informativo CONFETAM
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