IBGE
mostra que políticas públicas para incluir a juventude no sistema educacional
fracassam. População nessa faixa etária aumentou e frequência escolar caiu em
2011.
As
políticas de inclusão dos jovens no sistema educacional fracassam. Colocar todos os brasileiros de
15 a 17 anos na escola é o maior desafio a ser superado para que a Emenda Constitucional 59
seja cumprida. A lei determina que, até 2016, todas as crianças
e adolescentes com idades entre 4 e 17 anos sejam matriculados
no sistema educacional. Em vez de voltar à escola, a população jovem
tem se afastado ainda mais dela.
Os
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011,
divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), revelam que a quantidade de adolescentes de 15 a 17
anos longe dos bancos escolares aumentou. Em 2009, 1.479.000 de brasileiros
nessa faixa etária não estudavam. Eles representavam 14,8% dessa
população. No ano passado, o número de excluídos subiu para 1.722.000
(16,3% dos 10,5 milhões de jovens).
Os números
representam um revés na tendência observada nos anos anteriores, quando a
taxa de escolarização dos jovens melhorava. Apesar de quase a metade estar
fora da etapa escolar correta para sua faixa etária, era crescente o
número de adolescentes que permaneciam matriculados nas redes
de ensino. Em 2008, 84,1% da população entre 15 e 17 anos frequentava os
colégios brasileiros. No ano seguinte, a porcentagem subiu para 85,2%. Em
2011, ela caiu para 83,7%. A realidade é ainda mais cruel com os jovens
brasileiros que vivem nas famílias mais pobres. Enquanto 81,6% dos que não
possuem renda familiar ou recebem até um quarto de salário mínimo per
capita estudam, 87,8% dos que ganham um salário mínimo ou mais por pessoa
da família estão matriculadas nas redes de ensino. É na Região Sul que
a situação dos adolescentes é pior: 17,8% dos brasileiros com
idade entre 15 e 17 anos estão fora da escola.
O
IBGE não divulgou os dados que mostram com precisão quantos estudantes
estão na série correta para a idade que possuem. No entanto, há pistas
sobre o quão atrasados eles estão. Dos 5,5 milhões de alunos com 16 ou 17
anos, 1,5 milhão ainda cursava o ensino fundamental, etapa que deveriam
ter concluído aos 14 anos. O número seria maior se fossem incluídos nas
contas os adolescentes de 15 anos, mas não há dados específicos sobre eles
ainda.
Outro
sinal de que a educação para a juventude é falha está na média de anos de
estudo da população brasileira. Os adolescentes de 15 a 17 anos possuíam
7,5 anos de estudo, em média, em 2011, enquanto deveriam ter completado,
pelo menos, oito anos de estudo do ensino fundamental. A instrução média
dos brasileiros não mudou quase nada em dois anos. Em 2009, a população
com mais de 10 anos de idade possuía, em média, 7,2 anos de estudo. Em
2011, o número subiu para 7,3.
Em
compensação, a quantidade de brasileiros que conseguiu estudar pelo menos
11 anos aumentou de 53 milhões para 58,5 milhões. Porém, no outro extremo,
os dados da PNAD voltam a assustar: há 19,2 milhões de pessoas com mais de
10 anos de idade (11% do total) sem instrução e com menos de um ano de
estudo.
Diferenças regionais de escolarização
O percentual de crianças e
adolescentes que frequentam a escola varia em cada região e de acordo com cada
faixa etária. Os jovens são o maior gargalo.
Mais crianças na escola
Enquanto
a situação dos jovens – considerada o grande gargalo da educação no País –
não melhora, a das crianças avança, mesmo que lentamente. A taxa de
escolarização dos brasileiros de 6 a 14 anos de idade foi de 98,2% em
2011, um aumento de 0,6 ponto percentual em relação a 2009. Nas famílias
com renda familiar mais alta, o índice chega a 99,2%. Apesar da quase
universalização, ainda não se chegou ao que a lei exige: todas as crianças
nessa etapa devem estar na escola.
A
taxa de escolarização das crianças de 4 ou 5 anos subiu quase 3 pontos
percentuais, passando de 74,8% em 2009 para 77,4% em 2011. A diferença de
renda, porém, mais uma vez, influencia diretamente a presença dessas
crianças na escola. Entre as que vivem nas famílias sem rendimento ou com
rendimento mensal domiciliar inferior a um quarto de salário mínimo por
pessoa, o percentual de escolarização baixa para 69,1%. E sobe entre os
filhos das famílias com melhores condições financeiras: 88,9%.
A maior parte das matrículas da educação básica continua na
rede pública de ensino. Há 42.186.000 de alunos nas escolas (da
pré-escola ao ensino médio) de federais, estaduais e municipais, enquanto
a rede privada atende a 11,5 milhões de estudantes. O maior percentual de matrículas dos colégios particulares está na pré-escola (26,5%).
Em relação às creches, não houve alteração significativa nos
percentuais de atendimento. Em 2011, a rede pública atendia 65,3% das
crianças e, em 2009, 65,6%. Há 2,8 milhões de crianças matriculadas em
creches.
Priscilla
Borges - iG Brasília
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