O barulho das rodas
indestrutíveis sobre os trilhos de ferro, a buzina inconfundível que mostrava o
colosso com seu motor diesel despertando a imaginação das gerações, os vagões
carregando toneladas para os mais longínquos lugares e as estações com pontos
de parada nas cidades. Tudo isso nos faz perguntar: Por onde andam nossos
trens?
O Patosonline.com foi em busca
de respostas para saber o porquê do mais barato e seguro transporte de cargas e
passageiros estar abandonado no Nordeste. Com o abandono dos trens, as rodovias
passaram a ter mais caminhões para escoar as mercadorias causando problemas de
tráfego dos mais variados. Vaja o que diz Severino Urbano, presidente do
Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias do Estado da Paraíba
(SINTEFEP):
“A partir do dia 01 de
janeiro de 1998, fruto do processo de privatização implantado no governo de
Fernando Henrique Cardoso (PSDB), começou a operar na Paraíba a empresa
Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), sucedendo a Rede Ferroviária Federal
S/A (RFFSA), que entre tantas nomenclaturas, hoje é denominada Ferrovia
Transnordestina e Logística S/A (FTL). A empresa já renasce morta, pois não
está administrando e operando nada no estado”.
“Esta empresa assumiu o
transporte ferroviário de cargas, que antes público, passou a ser privado.
Antes desta ‘sucessão’, a ferrovia operava a pleno vapor, com trens circulando
em nosso estado, tanto internamente, quanto externamente, com cargas vindas dos
estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco”.
“Éramos em torno de 400
ferroviários; a maioria das estações abertas; o trecho ferroviário (via
permanente) tinha condições de trafego; oficinas funcionando; alojamento em
perfeitas condições e tínhamos a credibilidade dos clientes que transportavam
suas mercadorias com segurança, pontualidade, além de o frete ferroviário ser
muito mais barato do que o frete rodoviário. O estado da Paraíba tinha receitas
de todo transporte ferroviário que circulava”.
“Os clientes sumiram devido
ao alto valor de transporte que foi implantado pela nova empresa, bem como a
falta de pontualidade na entrega das suas mercadorias. Com isso, quem perdeu
foi estado, que deixou de arrecadar. E o mais grave: os empregados que perderam
seus postos de trabalhos, chegando ao nível crítico de apenas 30 empregados”,
Relata Severino Urbano.
A reportagem ouviu o senhor
Ademar Almeida, que reside na cidade de Patos e começou a trabalhar na empresa
em 1983 na cidade de Campina Grande (PB). Em 1984 ele veio morar no município
de Patos com sua família. Triste com a situação da empresa que já foi símbolo
de desenvolvimento, ele diz: “Eu não acredito que veja a ferrovia voltar a
funcionar”.
Seu Ademar espera pela
aposentadoria que está na justiça devido à empresa burocratizar direitos
elementares do trabalhador. Seu Ademar se lembra dos tempos áureos em que a
Rede Ferroviária Federal tinha centenas de trabalhadores e funcionava 24 horas
transportando mercadorias de forma eficaz.
“Eu daria a ideia que as
prefeituras aproveitassem esses espaços. Em Pombal, a prefeita Poliana fez a
secretaria de esportes e ajeitou toda estrutura. No Iguatú, o prefeito fez uma
estação digital”, confessa Seu Ademar ao ver a Estação Ferroviária de Patos
completamente abandonada. Em Patos, bem como no resto
do Estado da Paraíba e em parte do Nordeste, as estações de trem estão
abandonadas e um patrimônio bilionário sendo desperdiçado pelos governantes que
deveriam intervir antes que seja tarde demais.
Jozivan
Antero – Patosonline.com
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