Os consumidores pagarão uma
parte das despesas com o uso das usinas térmicas e com o plano de socorro às
distribuidoras de energia. Outra será bancada pelo Tesouro Nacional. A medida
foi anunciada ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pelo secretário
executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. “Vamos tomar
medidas para dividir o ônus entre a União, os consumidores e sistema elétrico”,
disse Mantega.
O governo vai autorizar a
contratação de um financiamento privado de R$ 8 bilhões pela Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para que as distribuidoras paguem as
dívidas com as geradoras. Segundo Mantega, esse financiamento será ressarcido com
aumento de tarifas, que será escalonado a partir de 2015 e com datas
estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O repasse ao
consumidor do empréstimo que será contratado pelas distribuidoras de energia
para cobrir o rombo nas contas por causa do uso de termelétricas será feito a
partir do ano que vem.
O diretor-geral da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, disse que ainda não há uma
previsão de qual será o impacto nas contas de luz nem uma decisão sobre em quanto
tempo o montante será diluído nas tarifas. “O processo tarifário segue o seu
curso normal, quando chegar a data do reajuste tarifários, [o valor] será
calculado levando em conta o custo adicional.”
Mantega também anunciou um
aporte adicional do Tesouro de R$ 4 bilhões, além dos R$ 9 bilhões já aportados
na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). O governo decidiu também fazer um
leilão de energia hidrelétrica e térmica, no dia 25 de abril, para que as
distribuidoras possam contratar energia das geradoras, e não precisar mais
recorrer ao mercado livre para comprar energia. Mantega garantiu que não haverá
alteração das regras contratuais vigentes. A entrega dessa energia deve começar
a partir de maio.
Com a decisão, a conta de
luz deve subir nos próximos meses, mas o aumento será inferior ao que ocorreria
se o governo não entrasse com os recursos. Por outro lado, o fato de o Tesouro
Nacional bancar parte das despesas dificulta o cumprimento da meta de superávit
primário (economia de recursos para pagar os juros da dívida pública) de 1,9%
do Produto Interno Bruto (PIB) - R$ 99 bilhões - para este ano.
Na semana passada, o governo
repassou R$ 1,2 bilhão para as concessionárias de distribuição de energia
elétrica, para neutralizar as despesas das empresas. Os recursos são uma
antecipação do orçamento de R$ 9 bilhões, previsto para a Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE).
As distribuidoras de energia
têm tido gastos maiores nos últimos meses por causa do aumento do uso de
energia de termelétricas, que é mais cara. As termelétricas são mais utilizadas
quando há menos água nos reservatórios das hidrelétricas, como está acontecendo
neste momento. Além disso, por causa do insucesso na contratação de energia no
leilão realizado pelo governo no ano passado, as distribuidoras precisaram
comprar energia no mercado de curto prazo, que custa mais caro em épocas de
escassez de chuva, para abastecer os consumidores.
Kleide
Teixeira - Jornal da Paraíba
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