Aconteceu neste domingo (27/11/11) na escola da comunidade do sítio Serra Feia de Cacimbas, interior da Paraíba, a Festa para comemorar III ano do reconhecimento da Comunidade como remanescente de quilombos.
Objetivo do evento foi mostrar os avanços e conquistas alcançados pelos moradores, além de fortalecer o movimento e as parcerias a fim de efetivar o conceito de consciência negra nas pessoas da localidade para que eles percebam a importância que tem e as contribuições que podem oferecer na construção de uma sociedade mais justa.
Com uma programação recheada de incrementos, a população se sentiu prestigiada e com a autoestima mais fortalecida, diante dos incentivos e votos de apoio que receberam do poder público, das associações e órgãos parceiros do movimento.
Durante as apresentações, ficou evidente a satisfação dos moradores que destacaram os avanços e conquistas obtidos por meio de muitas lutas. O presidente da associação conhecido popularmente por Geraldinho pontuou os avanços alcançados pela associação a o longo dos anos.
“Atualmente já é possível contabilizarmos os frutos alcançados ao longo dos tempos, conquistamos casas populares, como forma de acabar com as casas de taipa, um açude para suprir a necessidade de água, as cisternas de placas, um chafariz construído pela Prefeitura e agora o Ginásio de Esportes em construção”, disse Geraldinho.
Gilberto Nunes, presidente da Central das Associações no município de Cacimbas, falou das dificuldades que enfrentou juntamente com alguns moradores para que a própria comunidade viesse aceitar a condição de remanescente de quilombos e vencer a discriminação dentro do próprio lugar.
“As festividades é uma forma de mostrar que o trabalho que foi e continua sendo feito tem dado resultados positivos, o que mostra que o negro tem capacidade assim como qualquer outro, basta ter oportunidade, ser negro é sinônimo ético!”, exclamou Gilberto.
Para Irenaldo Pereira, líder da Pastoral Diocesana de Patos, a escola tem papel primordial na implantação de políticas públicas que esclareça e sirva como forma de preparação para os seus alunos exercerem a cidadania plena, já que estes foram marginalizados e massacrados ao longo da história. Segundo ele, outros setores da sociedade também podem contribuir com a garantia de novas possibilidades para os negros e os nãos negros viverem de forma digna.
Rildo Alves, da cidade de Desterro ficou maravilhado com o que viu na comunidade de Serra Feia no dia das comemorações.
“Pela primeira vez que visito esse lugar, estou encantado com a criatividade e hospitalidade dessa gente. Sugiro que as pessoas possam continuar lutando por melhorias e mude o nome de Serra Feia para Serra Bonita, pois aqui tem muitas belezas naturais”, observou Rildo.
Professores organizaram várias atividades para serem realizadas por alunos e pessoas da comunidade como forma de aproximar e envolver as famílias nas decisões da escola. Fez parte da programação: torneio de futebol, artesanato, comidas típicas, danças, depoimentos, forró pé de serra, coco de embolada, produção literária e outros.
“Após visitarmos a cidade de Alagoa Grande, sábado (19/11), ficamos mais motivados, pois nos sentíamos isolados e sozinhos, esse passeio serviu muito para nos animar e pretendemos visitar outras comunidades em Santa Luzia, Princesa Isabel e outros lugares”, disse a Professora Socorro Costa.
Vale lembrar que os negros não tem que se sentirem culpados ou rejeitados e sim motivados e unidos cada vez mais para combater injustiças e corrigir desigualdades sociais e raciais, praticadas durante a história, tornando-os vítimas do sistema.
“Nossos professores querem mudar, os alunos querem mudar e a comunidade também que mudanças, então não têm porque ficar conservando modelos ultrapassados que reforça o pré-conceito. Projetos para combater e acabar com o racismo e a discriminação está sendo implantados em nossa escola, apesar da complexidade é possível mudar e nós acreditamos,” revela Vamberto da Silva diretor escolar.
Confira outras fotos do evento:
Uma reportagem de: Olavo Silva