Foi organizada neste sábado (19/11/11) uma excussão com 30 pessoas do Sítio Serra Feia de Cacimbas, cidade do interior do sertão da Paraíba com destino à cidade de Alagoa Grande, localizada na região do brejo paraibano. A cidade onde o ídolo Jackson do Pandeiro nasceu e se criou fica a 140 km de distância da capital João Pessoa, de acordo com o censo do (IBGE-2011), a população é de aproximadamente 29 mil habitantes.
As festividades é uma alusão a o dia da consciência negra, em que se comemora a maior festa da história dos afros descendentes, em 20 de novembro de todos os anos a população negra celebram esse dia em homenagem a um dos maiores e mais importante líder da resistência negra contra a escravidão no Brasil o (ZUMBI DOS PALMARES),assassinado em uma emboscada em 20 de novembro do ano de 1695.
O objetivo da viagem foi visitar outros grupos de pessoas remanescentes de quilombos e ao mesmo tempo conhecer, compartilhar conhecimentos e fortalecer a parcerias, assumindo de vez o compromisso de se tornarem multiplicadores de novas experiências em sua comunidade.
A caravana com 30 pessoas incluindo professores, coordenadores, alunos e moradores, fez sua primeira parada na prefeitura da cidade, onde foram recepcionados pelo secretário de cultura, o senhor, Severino de Biu, a coordenadora da educação Quilombola, Lúcia de Fátima e a professora Luciene Tavares.
O grupo aproveitou para visitar o Museu do ilustre cantor paraibano, Jackson do Pandeiro, na ocasião conheceram suas principais obras, sua biografia, genialidade e trajetória do músico por todo o Brasil. Em seguida assistiram a uma palestra no Teatro Municipal proferida pela coordenadora Lúcia de Fátima.
Ela destacou as conquistas que a população negra de Alagoa Grande conseguiu ao longo dos anos. Lúcia atribuiu os avanços as lutas travadas por meio da educação e movimentos organizados por pessoas que abominam todo e qualquer tipo de atitude discriminatória contra as classes que vivem em situação de vulnerabilidade social.
“Consciência negra perpassa pelos nossos discursos, é algo que está no DNA de cada um que deve assumir sua identidade e passar por cima do preconceito, é pratica da cidadania no cotidiano e não só de ano em ano”, defende Lúcia de Fátima.
Para Elza Ursulino, que é agente de saúde e moradora da comunidade Caiana dos Crioulos - Município de Alagoa Grande. As lutas sempre vão existir, mas ela procura passar para as pessoas mensagem de otimismo para que estas não se dobre diante das dificuldades existentes.
“É só olharmos pra trás e vamos perceber o quanto já melhorou, temos que continuar a luta, desistir jamais, por isso defendo o fortalecimento das comunidades por meio das parcerias”, destaca.
A professora Luciene Tavares, defende que é necessária a reconstrução das histórias, para poder se eliminar práticas discriminatórias em relação à população negra, ela acredita haver uma escravidão camuflada nos dias atuais, mesmo com a abolição assinada pela Princesa Isabel a mais de um século.
A escola Firmo Santino, a qual ela trabalha, foi a única instituição de ensino no estado da Paraíba a ser reconhecida e premiada este ano pelo MEC com o selo de qualidade “Educação para igualdade Racial”.
“A educação e a justiça social serão determinantes para as pessoas viverem de igual para igual sem necessariamente ter que sair do lugar onde vive para outras regiões do país em busca de sobrevivência”, defende a professora.
Dona Edite, de 68 anos é líder comunitária e cirandeira da região, ela conta como os moradores de Caiana dos Crioulos eram discriminados, mas por meio de um trabalho sério de conscientização conseguiram ultrapassar as barreiras dos estereótipos e atualmente são pessoas assumidas e realizadas como remanescentes.
“Sou negra e não nego! Assumo minha identidade, e o bom é o respeito e a dignidade que está dentro de cada um de nós e não na cor da pele”, disse Dona Edite.
As pessoas foram até a comunidade de Caiana dos Crioulos, onde tiveram a oportunidade de assistir e participar da festa com apresentação de artesanatos, comidas típicas, danças tocadas com instrumentos rústicos por artistas da localidade.
Zé Birim morador da comunidade Serra Feia que tocou músicas de Luiz Gonzaga com sua gaita, o que lhe rendeu aplausos por parte do público presente de diferentes regiões do estado.
Zé Birim morador da comunidade Serra Feia que tocou músicas de Luiz Gonzaga com sua gaita, o que lhe rendeu aplausos por parte do público presente de diferentes regiões do estado.
Diante da festa que trata da igualdade racial e diversidade cultural, os moradores do sítio Serra Feia de Cacimbas, se sentiram realizados e com as expectativas superadas. A diretora da Escola Municipal Tertulino Cunha, Gilva Alves classificou o evento como um passo importante para a educação no meio rural. Ela está à frente de algumas ações do MEC, que visa à construção do plano de Ações Articuladas o (PAA).
Vamberto da Silva, diretor da Escola Joaquim Cassiano Alves, localizada na comunidade Serra Feia, acredita que a mudança de comportamento dos moradores, se faz necessário e para isso, precisa de projetos e de muitas reflexões que trate de políticas afirmativas para corrigir injustiças e promover a inclusão social de todos.
Moradores da referida comunidade, estarão comemorando neste sábado (26/11) o terceiro aniversário do seu reconhecimento enquanto remanescentes de quilombos. A coordenadora Socorro Holanda, juntamente com as professoras, alunos e outras lideranças estão trabalhando durante toda semana sobre a temática da importância do negro na construção da história do Brasil no que se refere a: agricultura, culinária, artes, músicas, instrumentos musicais, Vestimentas, economia e etc.
A viagem contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Cacimbas na pessoa do Ex.° prefeito Nilton de Almeida e a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte, através do secretário Antônio Marcos Oliveira, que estão oferecendo todo apoio logístico para a realização deste outro evento a ser realizado na Escola Joaquim Cassiano no Sítio Serra Feia.
COMISSÃO DE FRENTE:
Socorro Holanda – Coordenadora
Socorro Costa – Professora
Vamberto Silva – Diretor Escolar
Ângela – Professora
Juliana Gonçalves – Supervisora Escolar
Catarina – Professora
Socorro Teodósio – Professora
Gilva Alves – Diretora Escolar
Clandevânea – Professora
Renato Mariano – Motorista
PROGRAMAÇÃO DESTE SÁBADO 26/11 APARTIR DAS 8:HS DA MANHÃ:
Apresentação de danças africanas;
Ciranda;
Cocô de roda;
Cocô de embalada;
Forró Pé - de- Serra;
Exposição de produtos artesanais;
Dança de capoeira;
Banda de Pífanos;
Berimbal;
Depoimentos;
Apresentação de parte da história da comunidade por meio de slides, fotos, vídeos e artigos escritos por Socorro Holanda, coordenadora.
Por: Olavo Silva
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