Quarenta mandados de prisão foram cumpridos pelos cerca
de 400 policiais federais, que atuaram na operação Squadre, deflagrada na
última sexta-feira (9) na Paraíba, pelo Ministério Público do estado (MPPB),
Polícia Federal (PF) e Secretaria Estadual de Segurança de Desenvolvimento
Social (Seds) para desarticular três grupos que atuavam como milícias armadas e
praticavam diversos crimes, como tráfico e comércio ilegal de armas e munições,
extorsão, corrupção e extermínio de pessoas.
Segundo a PF, só cinco mandados estão pendentes e já
estão sendo feitas diligências para cumpri-los. Também foram lavrados 15 autos
de prisão em flagrante pelos delitos de posse e porte ilegal de armas. A
operação resultou na apreensão de 16 armas de fogo, entre revólveres, pistolas,
rifles e espingardas. Foram ainda apreendidas cerca de 400 munições.
Os três oficiais da Polícia Militar (PM) e os dois
delegados da Polícia Civil presos durante a operação foram encaminhados ao
Centro de Ensino da PM, enquanto os demais policiais militares foram
encaminhados à 3ª Companhia da PM.
Já os agentes da Polícia Civil foram encaminhados ao
Distrito Integrado de Segurança Pública e os dois agentes penitenciários ao
Quartel Central dos Bombeiros. Os demais presos foram encaminhados ao presídio
de segurança máxima PB1, localizado em João Pessoa.
As
investigações
A Operação Squadre deflagrada na madrugada da sexta-feira
(9) foi o resultado de um ano de investigações feitas pelo setor de
inteligência da PF, com o apoio do MPPB e da Seds. O objetivo do trabalho foi
desarticular grupos milicianos acusados de praticar vários crimes na Paraíba,
como tráfico e comércio ilegal de armas e munições, segurança privada armada
clandestina, extorsão, corrupção, lavagem de dinheiro e extermínio de pessoas.
Ao todo, foram expedidos 75 mandados, sendo 35 de prisão
preventiva, dez de prisão temporária e buscas, 11 de condução coercitiva de
pessoas e 19 de busca e apreensão de documentos nas cidades de João Pessoa,
Bayeux, Cabedelo, Santa Rita, Alhandra, Mari, Cajazeiras, na Paraíba e, em
Recife e Petrolina, no estado de Pernambuco.
Altas
patentes e delegados
Os alvos das prisões são policiais militares de várias
patentes (incluindo major, capitão e sargento), policiais civis e delegados,
agentes penitenciários e particulares que, de acordo com as investigações do
MPPB e da PF, atuariam em três milícias interligadas pelo tráfico ilegal de
armas e munições (sendo que alguns dos milicianos integravam os três grupos).
Segundo a Polícia Federal, existe um major-PM envolvido,
dois capitães, um subtenente, dois sargentos, cinco cabos, um cabo reformado da
PM, dois delegados, sete agentes da Polícia Civil, dois agentes penitenciários
e um agente do Departamento de Trânsito do Estado da Paraíba (Detran).
Milícias
desarticuladas
A primeira milícia desarticulada pela “operação Squadre”
era composta por policiais militares, policiais civis, um agente penitenciário
e particulares que atuavam como “grupo de extermínio”, principalmente na Região
Metropolitana de João Pessoa. As vítimas eram, em geral, presos e
ex-presidiários, executados em razão de “acertos de contas”.
O outro grupo era comandado por oficiais da PM e
realizava segurança privada clandestina (principalmente para postos de
gasolina), comércio ilegal de armas e munições, usando para isso uma empresa em
nome de “laranjas”. O grupo criminoso – que contava também com o apoio de um
delegado da Polícia Civil da Paraíba – é investigado, ainda, pela prática de
crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
Outra quadrilha de milicianos era formada por policiais
civis e militares e um agente penitenciário, que extorquia traficantes de
drogas, assaltantes de banco e outros criminosos. A investigação, coordenada
pela Polícia Federal com o apoio do Ministério Público da Paraíba e da Secretaria
de Segurança e Defesa Social da Paraíba, começou há cerca de um ano e sua
execução contou com a participação do Comando de Operações Táticas da Polícia
Federal (COT) e dos Grupos de Pronta Intervenção da Polícia Federal (GPIs) de
diversos estados.
As provas obtidas no curso das investigações devem ajudar
na elucidação de vários homicídios praticados por todo o estado da Paraíba.
Ações de inteligência permitiram, inclusive, evitar execuções que seriam
praticadas pela milícia.
MPPB
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