O delegado Wagner Pinto,
chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou, em
entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (22), que Sérgio Rosa Salles,
primo do goleiro Bruno assassinado na manhã de hoje em bairro de Belo Horizonte
(MG), havia tido papel preponderante durante as investigações sobre o sumiço de
Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Souza.
Salles, conhecido como
Camelo, era um dos réus no caso e tinha colaborado com as investigações. Bruno
e mais seis pessoas vão a júri popular, ainda sem data definida pelo sumiço de
Eliza Samudio. “No curso da investigação
policial, ele prestou informações relevantes para o total esclarecimento do
fato e individualização da participação dos envolvidos. Logicamente, era uma
peça-chave no curso da fase processual”, afirmou.
No entanto, o delegado não
quis se manifestar sobre a possibilidade de Sérgio ter sido morto para queima
de arquivo. “Falar em queima de arquivo, é a investigações que vai definir a
motivação (para o crime). Se é droga, se é desentendimento, se é queima de
arquivo”, disse. O delegado relatou, entretanto, que a morte de Salles não vai
alterar a condução do caso.
“No processo investigativo,
existem muitas provas carreadas para os autos. O julgamento é pautado por todo
o conteúdo probatório. Logicamente, essa falta do Sérgio será suprida por
outros elementos probatórios.” Segundo Pinto, as investigações sobre o
assassinato do primo de Bruno ficarão a cargo do delegado Frederico Abelha. “O
trabalho ainda está na sua origem e ainda não temos novidades no tocante à
motivação e autoria”, disse.
Assassinato
Salles foi assassinado por
volta das 7h da manhã desta no bairro Minaslândia, região norte da capital
mineira. Segundo a Polícia Militar de Minas Gerais, a vítima havia acabado de
sair para trabalhar e estava caminhando na rua Aracitaba quando foi abordada
por dois suspeitos, em uma moto, que dispararam vários tiros e fugiram. O corpo
da vítima foi retirado do local por volta das 10h30, e os trabalhos da perícia
foram concluídos.
Conforme o sargento Célio
José de Oliveira, do 13º Batalhão da Policia Militar, Salles levou seis tiros -
um no rosto e os demais pelo corpo. "Pela quantidade de tiros, a hipótese
mais provável é mesmo que foi uma execução", disse o sargento.
"Testemunhas disseram que o Sérgio correu e pediu por socorro antes de ser
baleado."
O delegado da Delegacia de
Homicídios de Belo Horizonte, Breno Pardini, disse também acreditar em
execução. "A perícia foi feita minuciosamente, e as equipes estão em campo
para fazer os levantamentos relativos à execução", afirmou.
Salles havia deixado a
penitenciária Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves (região
metropolitana de Belo Horizonte), em agosto do ano passado. Na ocasião,
questionado se se sentia injustiçado por ter ficado preso por mais de um ano,
Salles afirmou que “só a Justiça poderá responder isso”.
O acusado foi liberado porque
os juízes consideraram que ele era réu primário, "não oferece perigo à
ordem pública e não demonstra poder aquisitivo capaz de influenciar as
testemunhas ou perturbar o andamento do processo".
O advogado do réu, Marco Antônio
Siqueira, afirmou na ocasião que seu cliente era apenas uma testemunha do
processo e, portanto, não deveria ter sido preso. Carlos Alberto Salles, pai de
Salles, disse que Bruno também deveria ser solto por ser um “menino muito bom
para a família”. A casa que os Salles moram, em Belo Horizonte, foi dada pelo
goleiro.
Restrições
Solto, Salles teria que
respeitar algumas restrições impostas pela juíza Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º
Tribunal do Júri de Contagem. Nos dias em que não estivesse trabalhando, o réu
não poderia sair de casa, e, caso precisasse sair da capital mineira, teria de
pedir autorização à Justiça.
Além de Salles, dos sete
réus acusados pela morte de Samudio, quatro respondem em liberdade: Dayanne de
Souza, ex-mulher do goleiro; Fernanda Castro, ex-amante de Bruno; Elenílson
Vítor da Silva, ex-administrador do sítio em Esmeraldas (MG); e Wemerson
Marques de Souza, o Coxinha, amigo do atleta.
Um primo do goleiro, que era
menor de idade na época do suposto crime contra Eliza, cumpre medida
socioeducativa em Minas Gerais por prazo indeterminado – a cada seis meses a
sua situação é reavaliada pela Justiça. A pena poderá se estender por até três
anos, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Bruno e Luiz Henrique Romão,
conhecido como Macarrão e braço direito do atleta, vão a júri popular por
sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de
cadáver. Já o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, será julgado por
homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Colaborou
com as investigações
Sérgio Rosa Salles havia
colaborado com a Polícia Civil mineira, durante a fase de investigações sobre o
sumiço de Eliza Samudio, em 2010. Ele havia participado de
reconstituição no sítio do goleiro Bruno, na cidade de Esmeraldas (MG) e teria
relatado aos investigadores detalhes da estada de Eliza no local, que segundo
as investigações, teria servido de cativeiro para ela e o filho antes de ela
ter sido supostamente morta na casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos,
o Bola, acusado de ser o executor da ex-modelo. O imóvel de Bola fica na cidade
de Vespasiano, região metropolitana da capital mineira.
Salles chegou a colocar o
goleiro Bruno na cena do suposto crime, para retirá-lo em seguida, em
depoimentos dados à polícia e à Justiça de Contagem (MG). Os testemunhos de
Sales contra Bruno, segundo algumas pessoas ligadas ao caso, foram frutos de
suposta desavença com o ex-braço direito do goleiro, o réu Luiz Henrique Romão,
o Macarrão.
A defesa de Bruno cogitou
usar em dado momento a tese de que o depoimento de Sales, acusando o goleiro de
ter participado da morte de Eliza, seria uma forma de retaliação a Macarrão,
que paulatinamente vinha assumindo o lugar que fora de Sales no convívio com o
goleiro. Sales iria a júri popular pelos crimes de sequestro e cárcere privado,
homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Fonte:
uol