quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Morte: Primo de Bruno era peça-chave na elucidação do caso Eliza Samúdio, diz delegado


O delegado Wagner Pinto, chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou, em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (22), que Sérgio Rosa Salles, primo do goleiro Bruno assassinado na manhã de hoje em bairro de Belo Horizonte (MG), havia tido papel preponderante durante as investigações sobre o sumiço de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Souza.

Salles, conhecido como Camelo, era um dos réus no caso e tinha colaborado com as investigações. Bruno e mais seis pessoas vão a júri popular, ainda sem data definida pelo sumiço de Eliza Samudio. “No curso da investigação policial, ele prestou informações relevantes para o total esclarecimento do fato e individualização da participação dos envolvidos. Logicamente, era uma peça-chave no curso da fase processual”, afirmou.

No entanto, o delegado não quis se manifestar sobre a possibilidade de Sérgio ter sido morto para queima de arquivo. “Falar em queima de arquivo, é a investigações que vai definir a motivação (para o crime). Se é droga, se é desentendimento, se é queima de arquivo”, disse. O delegado relatou, entretanto, que a morte de Salles não vai alterar a condução do caso.

“No processo investigativo, existem muitas provas carreadas para os autos. O julgamento é pautado por todo o conteúdo probatório. Logicamente, essa falta do Sérgio será suprida por outros elementos probatórios.” Segundo Pinto, as investigações sobre o assassinato do primo de Bruno ficarão a cargo do delegado Frederico Abelha. “O trabalho ainda está na sua origem e ainda não temos novidades no tocante à motivação e autoria”, disse.

Assassinato

Salles foi assassinado por volta das 7h da manhã desta no bairro Minaslândia, região norte da capital mineira. Segundo a Polícia Militar de Minas Gerais, a vítima havia acabado de sair para trabalhar e estava caminhando na rua Aracitaba quando foi abordada por dois suspeitos, em uma moto, que dispararam vários tiros e fugiram. O corpo da vítima foi retirado do local por volta das 10h30, e os trabalhos da perícia foram concluídos.

Conforme o sargento Célio José de Oliveira, do 13º Batalhão da Policia Militar, Salles levou seis tiros - um no rosto e os demais pelo corpo. "Pela quantidade de tiros, a hipótese mais provável é mesmo que foi uma execução", disse o sargento. "Testemunhas disseram que o Sérgio correu e pediu por socorro antes de ser baleado."

O delegado da Delegacia de Homicídios de Belo Horizonte, Breno Pardini, disse também acreditar em execução. "A perícia foi feita minuciosamente, e as equipes estão em campo para fazer os levantamentos relativos à execução", afirmou.

Salles havia deixado a penitenciária Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves (região metropolitana de Belo Horizonte), em agosto do ano passado. Na ocasião, questionado se se sentia injustiçado por ter ficado preso por mais de um ano, Salles afirmou que “só a Justiça poderá responder isso”.

O acusado foi liberado porque os juízes consideraram que ele era réu primário, "não oferece perigo à ordem pública e não demonstra poder aquisitivo capaz de influenciar as testemunhas ou perturbar o andamento do processo".

O advogado do réu, Marco Antônio Siqueira, afirmou na ocasião que seu cliente era apenas uma testemunha do processo e, portanto, não deveria ter sido preso. Carlos Alberto Salles, pai de Salles, disse que Bruno também deveria ser solto por ser um “menino muito bom para a família”. A casa que os Salles moram, em Belo Horizonte, foi dada pelo goleiro.

Restrições

Solto, Salles teria que respeitar algumas restrições impostas pela juíza Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem. Nos dias em que não estivesse trabalhando, o réu não poderia sair de casa, e, caso precisasse sair da capital mineira, teria de pedir autorização à Justiça.

Além de Salles, dos sete réus acusados pela morte de Samudio, quatro respondem em liberdade: Dayanne de Souza, ex-mulher do goleiro; Fernanda Castro, ex-amante de Bruno; Elenílson Vítor da Silva, ex-administrador do sítio em Esmeraldas (MG); e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, amigo do atleta.

Um primo do goleiro, que era menor de idade na época do suposto crime contra Eliza, cumpre medida socioeducativa em Minas Gerais por prazo indeterminado – a cada seis meses a sua situação é reavaliada pela Justiça. A pena poderá se estender por até três anos, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Bruno e Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão e braço direito do atleta, vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Já o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, será julgado por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Colaborou com as investigações

Sérgio Rosa Salles havia colaborado com a Polícia Civil mineira, durante a fase de investigações sobre o sumiço de Eliza Samudio, em 2010. Ele havia participado de reconstituição no sítio do goleiro Bruno, na cidade de Esmeraldas (MG) e teria relatado aos investigadores detalhes da estada de Eliza no local, que segundo as investigações, teria servido de cativeiro para ela e o filho antes de ela ter sido supostamente morta na casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o executor da ex-modelo. O imóvel de Bola fica na cidade de Vespasiano, região metropolitana da capital mineira.

Salles chegou a colocar o goleiro Bruno na cena do suposto crime, para retirá-lo em seguida, em depoimentos dados à polícia e à Justiça de Contagem (MG). Os testemunhos de Sales contra Bruno, segundo algumas pessoas ligadas ao caso, foram frutos de suposta desavença com o ex-braço direito do goleiro, o réu Luiz Henrique Romão, o Macarrão.

A defesa de Bruno cogitou usar em dado momento a tese de que o depoimento de Sales, acusando o goleiro de ter participado da morte de Eliza, seria uma forma de retaliação a Macarrão, que paulatinamente vinha assumindo o lugar que fora de Sales no convívio com o goleiro. Sales iria a júri popular pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Fonte: uol



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