A Secretaria de Assuntos Econômicos (Seae) do Ministério
da Fazenda pediu que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal
investiguem a empresa norte-americana Telexfree e a empresa Ympactus Comercial
LTDA, responsável pelas atividades da multinacional no Brasil. Em nota oficial,
a secretaria informou ter detectado indícios de que as duas companhias
pratiquem esquema de pirâmide financeira.
“A oferta de ganhos altos e rápidos, proporcionados
principalmente pelo recrutamento de novos entrantes para a rede, o pagamento de
comissões excessivas, acima das receitas advindas de vendas de bens reais e a
não sustentabilidade do modelo de negócio desenvolvido pela organização sugerem
um esquema de pirâmide financeira, o que é crime contra a economia popular”,
destaca o comunicado.
A Seae informou ainda ter detectado suspeitas de que as
duas empresas estimulem a economia informal e contrariem a legislação
trabalhista, ao exigir a prática de duas atividades – comerciante e divulgador
– e pagar apenas uma. O órgão também ressaltou que a empresa não está autorizada
a atuar no ramo de comércio, nem tem relação com operadoras de telefonia fixa
ou paga.
Pirâmide
Com promessas de retorno expressivo em pouco tempo, os
esquemas de pirâmide financeira são considerados ilegais porque só são
vantajosos enquanto atraem novos investidores. Assim que os aplicadores param
de entrar, o esquema não tem como cobrir os retornos prometidos e entra em
colapso.
Atuando no Brasil desde março de 2012, o Telexfree vende
planos de minutos de telefonia voz sobre protocolo de internet (VoIP na sigla
em inglês), que permitem ligações ilimitadas para 41 países por US$ 49 mensais.
As empresas, no entanto, também oferecem promessas de ganho para quem atuar
como promotor do serviço, postando diariamente anúncios em sites de classificados
e redes sociais e recebendo comissão sobre as vendas.
A empresa oferece dois tipos de contratos para
divulgadores, um com ganho líquido de US$ 2.295,80 e outro com lucro de US$
11.599. Além disso, o anunciante recebe US$ 20 a cada novo divulgador que
conquistar para o primeiro plano e US$ 100 para o segundo.
O Telexfree e a Ympactus também são investigados pela
Secretaria Nacional de Justiça. Os ministérios públicos de pelo menos sete
estados – Acre, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e
Pernambuco – igualmente investigam as atividades das duas empresas e o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) também foi notificado.
Por meio de nota postada no Facebook, o Telexfree
informou que está colaborando com todas as autoridades e que as investigações
são importantes para tirar qualquer dúvida sobre a lisura das atividades da
companhia. De acordo com o Telexfree, as manifestações serão postadas apenas no
perfil oficial da empresa na rede social.
Paraíba
No último dia 5 de março, reportagem do Portal Correio
denunciou o esquema, que promete faturamento alto e rápido, de mais de R$ 10
mil por mês, e estava ganhando “investidores” paraibanos. Em João Pessoa,
cartazes da Telexfree, além de usuários paraibanos do Facebook, convocavam para
ganhar dinheiro fazendo anúncios da empresa na internet.
“O golpe da pirâmide é antigo e costuma ressurgir com
nova roupagem. O último grande escândalo ocorreu na crise de 2008, nos Estados
Unidos, o chamado ‘esquema Madoff’. Também é conhecido como esquema Ponzi,
datado na década de 1920. Basicamente, é oferecido algo, que pode ser um
investimento, um negócio, um produto, que promete um retorno alto e rápido”,
esclareceu o professor de economia da UFPB, Alysson Cabral, acrescentando que o
criador do golpe faz com que os que entram no esquema ‘trabalhem’ para ele
convencendo novas pessoas a entrarem no negócio.
Alysson Cabral alerta as pessoas para sempre desconfiarem
da possibilidade de ganho fácil. Com a redução das taxas de juros no Brasil no
último ano, ele acredita que muitos têm procurado oportunidades de ganho mais
alto. Contudo, é sempre importante ter em mente que por trás da possibilidade
de altos retornos, há sempre um risco alto.
Agência
Brasil/Wellton Máximo e Redação Portal Correio
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