Um negócio que promete faturamento alto e rápido, de mais
de R$ 10 mil por mês, está ganhando “investidores” paraibanos, mas que podem se
tornar vítimas de um novo tipo do chamado “golpe da pirâmide”. Em João Pessoa,
cartazes da empresa de telefonia Telexfree, além de usuários paraibanos do
Facebook, convocam para ganhar dinheiro fazendo anúncios da empresa na
internet.
O professor de economia da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB), Alysson Cabral, explicou que a lógica é agregar novos
participantes e, enquanto estes estiverem entrando no “negócio”, os pioneiros
ganham muito dinheiro, mas chega um ponto em que não é possível mais agregar
novos participantes, a pirâmide desmorona e a maioria sai perdendo o
investimento.
Para lucrar com a empresa Telexfree, que é
norte-americana, os participantes precisam publicar diariamente anúncios em
páginas na internet. O negócio faz com que os investidores trabalhem
convencendo novas pessoas a participar. No seu site, a empresa informa que,
para ser um divulgador e ganhar dinheiro fazendo anúncios na internet, o
investimento anual é de 339 dólares.
“O golpe da pirâmide é antigo e costuma ressurgir com
nova roupagem. O último grande escândalo ocorreu na crise de 2008, nos Estados
Unidos, o chamado ‘esquema Madoff’. Também é conhecido como esquema Ponzi,
datado na década de 1920. Basicamente, é oferecido algo, que pode ser um investimento,
um negócio, um produto, que promete um retorno alto e rápido”, esclareceu o
economista Alysson Cabral, acrescentando que o criador do golpe faz com que os
que entram no esquema ‘trabalhem’ para ele convencendo novas pessoas a entrarem
no negócio.
Ele explicou que o termo pirâmide deriva do formato do
negócio. Começa com um, que agrega determinado número de participantes que, por
sua vez, também devem agregar novos participantes para poder ganhar. Assim, os
novos participantes têm que convencer mais pessoas a entrarem no negócio e,
assim, sucessivamente.
“A contribuição financeira do novo participante gera
ganho para os que já estão no negócio, então, só o pioneiro ou os pioneiros
ganham com isso. A maior parte dos participantes entra no negócio e não
consegue o retorno do que investiu porque não conseguirá agregar novos
participantes. Sem contar que é necessário um número maior de participantes
para conseguir o retorno, pois o dinheiro dos novos participantes é dividido
entre os participantes antigos. A divisão entre os participantes varia de golpe
para golpe”, alertou.
De acordo com o professor de economia da UFPB, Alysson
Cabral, as pessoas devem sempre desconfiar da possibilidade de ganho fácil. Com
a redução das taxas de juros no Brasil no último ano, ele acredita que muitos
têm procurado oportunidades de ganho mais alto. Contudo, é sempre importante
ter em mente que por trás da possibilidade de altos retornos, há sempre um
risco alto.
Com essa maior disposição ao risco, ele afirma que muitos
golpistas aproveitam para oferecer possibilidades de ganho, seja no mercado
financeiro já estabelecido, seja numa espécie de “mercado financeiro paralelo”.
Nos Estados Unidos, na época anterior ao estouro da
crise, quando as taxas de juros estiveram baixas, muitos embarcaram no negócio
do “subprime” - mercado financeiro legal, que emprestava para quem não tinha
histórico de bom pagador, mas estava disposto a pagar juros mais altos, ao
mesmo tempo em que captava recursos de clientes dispostos a ter um retorno mais
alto.
O economista informou também que, na mesma época, surgiu
o esquema do financista Bernard Madoff, que convencia empresas, instituições e
‘endinheirados’ a investirem no seu fundo de investimentos, com promessa de
retorno bem acima das taxas de juros do mercado. Ele prometia 1% ao mês, que
era a taxa anual do país. “Esse fundo de investimentos de Madoff nada mais era
que uma pirâmide. Quando o caso estourou, muita gente descobriu que tinha caído
num golpe e perdeu muito dinheiro. Ele terminou condenado”, afirmou.
Por
Álisson Arruda, do Jornal Correio da Paraíba
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