O Senado aprovou nesta
quarta-feira (26), em primeiro turno, a proposta de emenda à Constituição (PEC)
que acaba com a prerrogativa de foro para autoridades nos casos de prática de
crimes comuns, como roubo e corrupção. A PEC foi aprovada por 75 votos a favor
e nenhum voto contrário. Por se tratar de uma alteração no texto
constitucional, a proposta ainda precisa passar por um segundo turno de votação
no Senado antes de seguir para a Câmara dos Deputados, onde também precisará
ser analisada em duas votações.
Pela lei que vigora
atualmente, políticos como senadores, deputados federais e ministros têm
direito a ser investigados e julgados apenas na esfera do Supremo Tribunal
Federal (STF). No caso dos governadores, o foro é o Superior Tribunal de
Justiça (STJ). Prefeitos, por sua vez, são julgados por Tribunais de Justiça. Na
proposta aprovada, as autoridades deverão ser julgadas pela primeira instância
no estado onde o eventual crime houver ocorrido, e não mais em tribunais
superiores.
O projeto estabelece uma
exceção para os presidentes da República, da Câmara, do Senado e do Supremo
Tribunal Federal. O texto, de autoria do senador Álvaro Dias (PV-PR), atinge a
mais de 30 mil pessoas, segundo o relator Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que,
atualmente, possuem prerrogativa de foro no país. São políticos detentores de
mandatos, ministros, juízes, procuradores, desembargadores, entre outras
autoridades que atualmente são julgadas em tribunais especializados.
Em seu relatório, que foi
aprovado em primeiro turno nesta quarta, Randolfe acolheu uma emenda (sugestão
de alteração) do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que mantém o foro
privilegiado para os presidentes dos três poderes. Ao apresentar a emenda,
Ferraço argumentou que deixar os presidentes da República, da Câmara, do Senado
e do Supremo no texto poderia provocar uma pulverização de ações contra essas
autoridades.
Caso a proposta entre em
vigor, deputados e senadores perderão a prerrogativa de foro e passarão a ser
julgados pela primeira instância do Judiciário. O relator da proposta explicou
que, com a aprovação da lei, o político que, por conta do foro privilegiado,
estiver sendo processado no STF, terá o caso remetido para as instâncias
inferiores. Ele disse que a regra valerá, caso o projeto vire lei, para os
políticos investigados pela Lava Jato no STF.
"Cai o foro
privilegiado e o processo cai para o juiz e para o promotor da primeira
instância. Todos que estão com foro no STF e estão respondendo processo, recai
para a instância judicial respectiva, que é o juiz federal da primeira
instância”, declarou Randolfe.
“Se for acusação no âmbito
da Operação Lava Jato, para a vara federal de Curitiba ou a vara que estiver
fazendo a investigação. Vale para todos os processos em andamento",
completou o senador do Amapá.
A proposta não acaba,
contudo, com a prerrogativa de foro nos casos de crimes de responsabilidade
previstos para ministros de Estado, presidente da República e ministros do STF.
Nesses casos, cabe ao Congresso Nacional processar essas autoridades, como é
previsto pela Constituição Federal. Para o relator da proposta, a votação sem
obstrução e expressiva no Senado está relacionada à possibilidade de o STF
julgar uma proposta que estabelece limites para o foro privilegiado já no
próximo mês.
Randolfe acredita que a
aprovação da PEC em 1º turno nesta quarta é uma sinalização do Legislativo aos
ministros do Supremo com o “objetivo” de que os magistrados retirem o tema da
pauta da Corte uma vez que o Congresso já está legislando sobre o fim do foro.
Click
PB
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