O empresário Marcelo
Odebrecht diz ter doado R$ 150 milhões à chapa Dilma-Temer na eleição de 2014
como caixa dois. Parte desse valor foi contrapartida pela aprovação da medida
provisória do Refis, que beneficiou o grupo. O ex-presidente da Odebrecht também
confirmou um encontro com Temer para tratar de doações para o PMDB, mas disse
não ter discutido valores com o então vice-presidente.
As declarações foram feitas
em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quarta-feira (1º), na
ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. Embora o depoimento seja
sigiloso, a TV Globo confirmou o conteúdo das declarações com diversas fontes. O
G1 tenta contato com as assessorias de Temer e Dilma. Veja os principais pontos
das declarações:
- Empresário diz ter pago R$ 150 milhões em
caixa 2 à chapa Dilma-Temer em 2014
- Parte do valor foi pago no
exterior ao marqueteiro do PT, João Santana, com conhecimento de Dilma
- R$ 50 milhões foram
contrapartida por uma medida provisória de 2009 que beneficiou o grupo, num
repasse acertado com o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega
- Empresário confirma que se
reuniu com Temer para tratar de doações ao PMDB em 2014, mas nega ter tratado
de valores com o então vice-presidente
- As campanhas de Aécio
Neves (PSDB), Marina Silva (então no PSB) e Eduardo Campos (PSB) também
receberam recursos de caixa 2 da Odebrecht
A audiência de Marcelo
Odebrecht ocorreu na tarde de quarta-feira (1º) na sede do Tribunal Regional
Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em Curitiba, e terminou por volta das 18h30. O
conteúdo do depoimento será mantido sob sigilo. O empresário, que está preso na
carceram da PF em Curitiba, foi ouvido como testemunha nas ações que tramitam
no tribunal pedindo a cassação da chapa Dilma-Temer suposto abuso de poder
político e econômico na eleição presidencial de 2014.
Marcelo Odebrecht afirmou
que parte dos R$ 150 milhões repassados à chapa Dilma-Temer em 2014 foi paga no
exterior a João Santana, marqueteiro do PT, com conhecimento de Dilma. O
executivo não precisou quanto dos R$ 150 milhões repassados à campanha era
propina, mas afirmou que R$ 50 milhões foram uma contrapartida pela aprovação
da medida provisória 470/2009, conhecida como MP do Refis. Esse acerto foi
feito com o ex-ministro Guido Mantega, segundo Odebrecht. O G1 tenta contato
com a defesa de Mantega.
O empresário confirmou ter
participado de um jantar com o então vice-presidente Michel Temer em 2014, onde
tratou de doações para o PMDB. Odebrecht, entretanto, disse não ter tratado de
valores com Temer, e que acredita que os valores foram discutidos entre o
ex-vice-presidente de Relações Institucionais da empreiteira Claudio Mello
Filho e o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Em delação, Mello Filho
relatou ao Ministério Público Federal (MPF) que o presidente Michel Temer pediu
R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht. O acerto, segundo o ex-executivo, foi feito
em um jantar em 2014 do qual participaram ele, Odebrecht, Temer e Padilha. Parte
do valor destinado ao PMDB, diz Mello Filho, foi repassado via Padilha no
escritório de José Yunes, ex-assessor de Temer. Yunes confirma ter recebido um
"pacote" do qual desconhece o conteúdo, e alega ter sido uma
"mula involuntária" de Padilha.
Quando a delação de Mello
Filho veio à tona, em dezembro do ano passado, o Palácio do Planalto disse que
Temer "repudia com veemência" as afirmações de Mello Filho, e que
todas as doações da Odebrecht ao PMDB foram declaradas ao TSE. "Não houve
caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente", informou o
Palácio, em nota, na ocasião.
Marcelo Odebrecht afirmou
ainda à Justiça Eleitoral que a empreiteira também doou dinheiro de caixa 2
para Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (então no PSB) e Eduardo Campos (PSB),
que participaram da campanha presidencial de 2014. O G1 entrou em contato com a
assessoria de Aécio Neves e até a última atualização desta reportagem aguardava
um posicionamento. A reportagem também tenta contato com a família de Eduardo
Campos e com o PSB.
Fonte/G1-PR
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