Há quase 150 anos mais um
período de seca arrasadora trouxe à tona um plano ousado que ia além da
tecnologia existente na época. Foi na década de 70 do século XIX que pela
primeira vez o Brasil falou a palavra transposição. O debate para que as águas
do 'Velho Chico' passasse a abastecer as regiões atingidas pela estiagem,
segundo o historiador José Octávio de Arruda Melo, em entrevista ao Correio
Online, foi iniciado no período do Império com Dom Pedro II.
As ideias, conforme o
historiador, eram ambiciosas e envolviam uma articulação da ferrovia (os transportes
ferroviários estavam chegando no país) com a transposição das águas do Rio São
Francisco. O assunto, contudo, foi sendo esquecido porque não havia tecnologia
suficiente para tal proeza. Dos anos 1909 e 1910 a possibilidade de levar as
águas do São Francisco para estados que sofriam com a seca voltou a ser
cogitada.
Foi no governo de Nilo
Peçanha, que assumiu o governo com a morte do presidente Afonso Pena. A criação
da Inspetoria de Obras Contra a Seca (embrião do atual Departamento Nacional de
Obras Contra as Secas – Dnocs) fez nascer esse desejo novamente, agora com
Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, presidente do órgão.
No final da década de 10 no
século XX (anos de 1919-1922), um paraibano assume a presidência do Brasil. Relatos
no livro de José Américo, “A Paraíba e seus problemas”, mostram que houve um
debate sobre essa transposição. A maior parte fala do 'Rompe Norte" que,
segundo José Octávio, focaliza a questão da transposição e seria um projeto
grandioso, uma articulação do São Francisco com o Tocantins.
E mais uma vez a ideia foi
interrompida e o tema só voltou a ser abordado no governo de Juscelino
Kubitschek (1956-1961). De acordo com José Otávio de Arruda Melo, sempre que
havia seca se reacendia as discussões sobre o combate a esse problema e a
transposição era tida como a salvação para isso.
Vem o governo de João
Figueiredo (1979-1985) a intenção de ser presidente do Brasil fez Mário
Andreazza, ministro de obras públicas, falar sobre o assunto para poder
conquistar votos da região castigada pela estiagem, só que mais uma vez a obra
sequer chegou a ir para o papel.
Para o historiador José
Octávio de Melo, foi somente no governo de Fernando Henrique Cardoso
(1994-2002), que finalmente a tão falada transposição começou a ser colocada no
papel. Em 17 de julho de 1998, o então presidente da República visitou a cidade
de Monteiro e, na época, fez um discurso à população dizendo que seria feito um
estudo sobre a possibilidade da transposição. Vieram os governos petistas de
Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (2003-2016).
Lula, em sua gestão,
acelerou para que fosse iniciada a execução das obras do Projeto de Integração
do Rio São Francisco. Na gestão de Dilma, as obras continuaram a ser executadas
e estavam previstas para terminar em 2014, mas não foi concluída. E agora,
somente 147 anos depois da primeira ideia, a transposição chega à Paraíba, no
governo de Michel Temer. Ele concluiu o Eixo Leste, que deságua em Monteiro,
para seguir a outros 70 municípios pelos leitos de rios.
Fonte:
Portal Correio com Aline
Martins e Nice Almeida, do Correio Online
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