domingo, 3 de dezembro de 2017

Vereadores da Paraíba delimitam currais eleitorais para as eleições de 2020


Os eleitores brasileiros vão às urnas no dia 7 de outubro de 2018, a pouco mais de dez meses. Mas, nas câmaras municipais (da maior e mais populosa cidade, João Pessoa, ao menor e menos populoso município da Paraíba, Parari), os vereadores refazem as contas e redefinem os mapas dos currais eleitorais, que eles chamam de bases políticas.

Conforme apurou a reportagem do Correio, a expressiva maioria dos mais de 2,2 mil vereadores do Estado da Paraíba não está nem um pouco preocupada com as eleições de 2018, a não ser aqueles que pretendem disputar uma vaga na Assembleia Legislativa ou não Câmara Federal, que são apenas alguns em João Pessoa e em Campina Grande.

Motivo: o novo sistema de votação que vai vigorar no pleito de daqui a dois anos. Trata-se do voto distrital misto, que estará valendo nas próximas eleições municipais. Por essa modalidade de votação, segundo o advogado Newton Vita, especialista em direito eleitoral, a própria Justiça Eleitoral vai dividir os municípios em distritos.

Cada distrito eleitoral, conforme o advogado, vai escolher um representante. Será eleito aquele candidato que obtiver maior número de votos no distrito. Para esses, serão destinadas 50% das vagas da Câmara. A outra metade das vagas será destinada a candidatos que disputarão pelo voto proporcional, nos moldes de hoje, onde o mais votado nem sempre ganha.

Neste caso, de acordo com Newton Vita, os eleitores vão votar nos partidos, que apresentarão listas com os nomes. Em João Pessoa, vereadores que atuam em um aglomerado de bairros com área geográfica contínua e também têm apoios em comunidades distantes, já estão revendo suas estratégias.

Vão parar, desde já, de destinar benefícios para esses lugares distantes, que farão parte de outro distrito, onde atuam outros políticos. Segundo um vereador, não é vantagem trabalhar fora dos futuros possíveis distritos eleitorais que serão demarcados, no futuro próximo, pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB).

Preocupados e sem entender muito como será o sistema do voto distrital misto, muitos vereadores, em João Pessoa, Patos ou São José de Princesa, fazem contas: somam e subtraem. Tentam multiplicar (os votos), mas não conseguem com tanta facilidade. No entanto, eles veem com o voto distrital misto a possibilidade da subtração de votos: ou seja, uma ameaça. Podem perder votos, se não souberem trabalhar.

Por isso, estão fortalecendo as bases e deixando de lado regiões que obrigatoriamente elegerão outros políticos. Esses redutos já estão sendo ocupados por candidatos novos ou por suplentes. A verdade é que a maioria dos vereadores, em qualquer município, não está seguro da vitória em 2020. Por isso, não estão muito preocupados com 2018.

Vão apoiar deputados estaduais e federais, na esperança de terem apoio deles daqui a dois anos, mas a preocupação do momento está voltada para a manutenção da coesão das bases contínuas territorialmente. É certo que, no cenário que começa a ser rabiscado para os próximos dois anos, sairão na frente aqueles vereadores que têm serviços prestados, concentrados em determinadas regiões geográficas de seu município. Os próprios vereadores estão cientes disso.


Portal Correio com Adelson Barbosa do Jornal Correio da Paraíba

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