Entre 2006 e 2014, a JBS
doou dinheiro a 28 partidos, mas apenas três deles concentraram quase dois
terços das milionárias doações do período: PT, PSDB e PMDB. Os números estão em
uma planilha entregue pela empresa em sua delação premiada. A tabela entregue
pela JBS à PGR (Procuradoria-Geral da República) registra repasses de
astronômicos R$ 495 milhões a partidos políticos. Deste valor, 63% ficou com
PT, PMDB e PSDB.
O PT recebeu, segundo a JBS,
R$ 172,2 milhões e é o partido com maior volume de repasses da empresa. O PSDB
vem em seguida, com R$ 79,6 milhões. Em terceiro está o PMDB, com R$ 58,5
milhões. Além de PT, PSDB e PMDB, a planilha da JBS mostra repasses aos
seguintes partidos: DEM, PCdoB, PDT, PEN, PHS, PMN, PP, PPL, PPS, PR, PRB,
PROS, PRP, PRTB, PSB, PSC, PSD, PSDC, PSL,PTdoB, PTB, PTC, PTN, PV e SD.
"Nós fizemos doações
oficiais de R$ 400 milhões, e mais cerca de R$ 100 milhões em notas fiscais
frias", contou Batista, em linha com os R$ 495 milhões da planilha.
A tabela não deixa claro que
parte dos valores informados se refere a doações legais --ou seja, informadas
ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)-- e o que seria caixa 2. Para o dono da
JBS, Joesley Batista, aparentemente isso não faz tanta diferença. Em depoimento
de delação premiada, ele disse que mesmo as doações oficiais são "propina
disfarçada de campanha política".
DELATOR
DA JBS DESCREVE PARTIDOS QUE RECEBERAM PROPINA
Repasses explodem em 2014. A
evolução da quantidade de dinheiro destinado pela JBS a partidos ajuda a
entender o que Ricardo Saud, executivo do grupo J&F --que controla a JBS--,
chamou de "reservatório de boa vontade" entre agentes públicos. Segundo
a tabela, a empresa doou R$ 7,9 milhões a oito partidos na eleição presidencial
de 2006. Na disputa seguinte, em 2010, o valor saltou para R$ 66,2 milhões,
distribuídos por 18 legendas.
Em 2014, os repasses
explodiram. Chegaram a R$ 388 milhões, para 28 partidos. A eleição daquele ano
concentrou aproximadamente 80% das doações, regulares ou não, relatadas pela
JBS. Segundo levantamento do UOL feito em janeiro de 2015, a JBS informou ao
TSE doações de R$ 366,8 milhões em 2014. Com isso, haveria uma diferença de R$
21,2 milhões entre o valor informado às autoridades e o descrito na planilha.
O ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo,
retirou nesta sexta (19) o sigilo dos documentos das delações de executivos da
JBS, que levantam suspeitas sobre diversos nomes de peso da política nacional.
O presidente Michel Temer (PMDB) é implicado no caso, e se tornou alvo de
investigação aberta com autorização do STF.
A base do pedido de abertura
do inquérito é a conversa gravada entre Temer e Joesley Batista. O empresário
entregou à PGR a gravação do diálogo que teve com Temer, durante um encontro
realizado no dia 7 de março no Palácio do Jaburu. Entre as suspeitas
relacionadas à conduta de Temer estão a de que ele deu aval para que Joesley
continuasse comprando o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha
(PMDB-RJ).
O áudio, porém, não é
conclusivo quanto a esse ponto. Na mesma conversa Temer ouve Joesley contar que
havia colocado um procurador para atuar a favor do grupo J&F nas
investigações. O Palácio do Planalto disse que Temer "não acreditou"
no que o empresário estava falando.
Joesley também parece ser
atendido por Temer ao cobrar um "alinhamento" do ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles, em questões envolvendo órgãos como a Receita Federal, BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Cade (Conselho
Adminstrativo de Defesa Econômica) e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários),
órgão que regula o mercado financeiro brasileiro. A Presidência negou que Temer
tenha intercedido a favor de Joesley.
Diante da crise política
provocada pela revelação da conversa, Temer veio a público na tarde de quinta (18)
dizer que não iria renunciar. Alguns dos outros políticos citados nas delações
como supostos participantes de irregularidades são os ex-presidentes petistas
Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além do senador Aécio Neves
(PSDB-MG).
São delatores Joesley
Mendonça Batista e Wesley Mendonça Batista, irmãos e donos da JBS, além de
Ricardo Saud, Francisco de Assis e Silva, Florisvaldo Caetano de Oliveira,
Valdir Aparecido Boni e Demilton Antônio de Castro.
Fonte - Uol Notícias
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