Continua
nesta terça-feira, 21, na Câmara Federal, a discussão sobre a Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) que pode proibir o aborto em qualquer circunstância
no Brasil. A PEC 181 propõe incluir na Constituição “a garantia do direito à
vida desde a concepção”.
Na
prática, se levado a votação e aprovado pelo Congresso, o projeto deve
criminalizar até mesmo as três possibilidades de aborto hoje permitidas
legalmente no País: casos de estupro, anencefalia (feto com á formação
cerebral) ou risco à vida da gestante.
Com
18 votos favoráveis, exclusivamente masculinos, o texto-base da PEC foi
aprovado no último dia 8, depois de mais de quatro horas de reunião e diversas
tentativas de adiamento da votação por parlamentares contrários. Destaques ao
projeto – que podem alterar pontos do texto – devem ser discutidos e votados no
encontro desta terça. A questão do aborto entrou no projeto por pressão da
bancada evangélica.
O
trecho que acrescenta a visão concepcionista à Constituição não fazia parte da
proposta inicial, que tratava apenas do aumento da licença-maternidade – de 120
para 240 dias – para mães de bebês prematuros. O presidente da comissão
especial, deputado Evandro Gussi (PV-SP), diz que a ideia não é punir os casos
já legalizados pelo Código Penal, e sim “impedir que o aborto seja totalmente
descriminalizado”, como indicou decisão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal
(STF), de 2016.
Sinalizando
que não pretende ceder à pressão conservadora para levar a PEC a votação, o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), aærmou que a “proibição do aborto
no caso de estupro não vai passar” na Casa. Durante a semana, protestos em
várias cidades do País também condenaram a tentativa de retroceder nas regras já estabelecidas no Brasil.
De
acordo com relatório publicado em setembro deste ano pela Organização das
Nações Unidas (ONU), os países em desenvolvimento, como o Brasil, concentram
97% dos cerca de 25 milhões de abortos realizados de forma insegura a cada ano
no mundo. Em países onde a interrupção da gravidez é permitida e realizada com
acompanhamento médico, o número de interrupções de gestações foi reduzido. É o
caso da maioria dos países da Europa Estados Unidos e Canadá.
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