A Paraíba é o 16º estado
brasileiro que mais exporta mão de obra escrava. Os dados são do Observatório
Digital do Trabalho Escravo no Brasil, divulgados em maio deste ano, que
relatam 840 pessoas resgatadas do trabalho escravo dentro da Paraíba, sendo 478
pessoas naturais do estado.
De acordo com os dados do
Observatório, a cada seis dias, em média, um paraibano (de nascimento ou residência)
é resgatado do trabalho escravo pelo Brasil. As principais vítimas são das
cidades de Patos, Pombal, Araruna, Picuí, Manaíra, Boa Vista, Serra Branca,
Juripiranga e Cuité.
Segundo o Ministério Público
do Trabalho na Paraíba (MPT-PB), em agosto do ano passado, 17 trabalhadores,
naturais de vários municípios paraibanos, foram resgatados na cidade de
Lajeado-RS, no Rio Grande do Sul e trazidos para a Paraíba, no mês seguinte.
Já na Paraíba, os resgatados
foram acompanhados por equipes do MPT-PB e da Polícia Federal, já que estavam
sendo ameaçados. Eles foram encontrados no Sul em situação irregular, sem
carteira de trabalho assinada. Com a atuação do MPT, cada um recebeu sua
carteira de volta, o dinheiro da rescisão e um seguro-desemprego especial de
três meses, por terem sido resgatados em situação análoga à escravidão.
Os dois empregadores, também
paraibanos, foram detidos em Lajeado, no momento do flagrante. Eles foram
obrigados a pagar a rescisão aos trabalhadores e assinaram um Termo de Ajuste
de Conduta. O que o MPT apurou na época é que se tratava de uma rede de agentes
que aliciam trabalhadores na Paraíba e, ao chegar ao destino, os submetem a
péssimas condições de trabalho e punições.
O coordenador da
Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete) na Paraíba,
procurador Marcos Almeida, disse que muitos paraibanos desempregados que vivem
no Sertão e em regiões de seca, quando se veem sem perspectivas de trabalho e
renda, acabam sendo aliciados e recrutados para outros estados com falsas
promessas de emprego.
“É preciso ficarem atentos
para não caírem nessas ‘armadilhas’, serem enganados e acabarem sendo
submetidos ao trabalho escravo. Ao mesmo tempo, é preciso continuar punindo de
forma efetiva esses recrutadores como também empresas que exploram mão de obra
escrava”, afirmou o coordenador.
Conforme o MPT-PB, todo o
trabalho de combate ao trabalho escravo contemporâneo, que envolve vários
órgãos públicos, pode estar ameaçado após a publicação da Portaria nº
1129/2017, do Ministério do Trabalho (MT), nessa segunda-feira (16). O texto
modifica o conceito de trabalho escravo e traz novas regras sobre a publicação
da ‘Lista Suja’.
“O MPT - em parceria com o
MPF - encaminhou uma notificação recomendatória ao ministro do Trabalho Ronaldo
Nogueira, recomendando a revogação dessa portaria. Esperamos que efetivamente
venha ocorrer por todas as razões que foram colocadas e estão sendo discutidas
tomando por base questões jurídicas que essa portaria ignora solenemente. Se
isso não vier a ocorrer, certamente medidas judiciais serão adotadas e já estão
sendo analisadas e estudadas”, ressaltou o procurador-chefe do MPT na Paraíba,
Carlos Eduardo de Azevedo Lima.
Portal
Correio
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