A Telexfree processou a TV Globo após ser citada no
programa Mais Você da última terça-feira (17), numa reportagem sobre pirâmides
financeiras. A empresa, que teve uma nota de esclarecimento lida pela
apresentadora Ana Maria Braga durante a transmissão, quer direito de resposta.
Os representantes da Telexfree não foram encontrados pelo
iG na manhã desta quarta-feira (18). Eles sempre negaram irregularidades. O
departamento jurídico da TV Globo não tinha um representante imediatamente
disponível para comentar o caso. A ação chegou à 11ª Vara Cível de Vitória,
onde fica a sede da empresa, na mesma terça-feira (17).
A Telexfree foi a primeira de três empresas que estão
bloqueadas no Brasil por suspeita de serem pirâmides financeiras, e é a maior
delas, com cerca de 1 milhão de associados (chamados de revendedores). O caso
antecedeu a criação de uma força tarefa de promotores e procuradores da
República que investiga cerca de 80 denúncias de negócios semelhantes.
O Ministério Público do Acre (MP-AC), responsável pelo
pedido de bloqueio, entende que o faturamento da Telexfree depende sobretudo
das taxas de adesão exigidas de quem quer entrar no negócio, e não da revenda
de pacotes de telefonia VoIP, como
argumentam seus representantes.
Nessa lógica, os lucros de quem entra primeiro seriam
garantidos pelo dinheiro investido por quem entrou por último. Como a população
é finita, um dia o negócio seria inviável. Por isso, o MP-AC quer a extinção da
Telexfree e devolução das verbas a quem apostou na empresa.
Nesta terça-feira (17), o Mais Você apresentou um
programa especial sobre pirâmides financeiras e retratou o caso da Telexfree. A
reportagem mostra depoimentos de pessoas que teriam investido na empresa e
dizem se sentir enganados. Ao fim da reportagem, a apresentadora Ana Maria
Braga lê uma nota em que os representantes da Telexfree afirmam que praticam
marketing multinível e não pirâmide financeira.
Em um outro trecho Ana Maria Braga chama de “bandidos”
aqueles que são “especialistas em pirâmides”, sem se referir diretamente à
Telexfree. A menção dizia respeito aos grupos que migram de um negócio
bloqueado para outro, conforme afirmação feita pela procuradora da República
Mariane de Mello, integrante do Ministério Público Federal em Goiás,
entrevistada pela apresentadora.
A procuradora Mariane é uma das responsáveis pela
investigação contra a BBom , outra das três empresas bloqueadas por suspeita de
serem esquemas fraudulentos. Seus representantes também negam irregularidades.
Na ação movida contra a TV Globo, os advogados da
Telexfree dizem que o programa chamou aos proprietários e divulgadores da
empresa “claramente de ‘bandidos’”. Por esse motivo, querem direito de
apresentar sua versão dos fatos no “mesmo programa, horário e dia de semana”.
Por:
Vitor Sorano - iG São Paulo
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