Em encontro com jornalistas no voo ao Rio de Janeiro, o
papa Francisco brincou com a expressão "Deus é brasileiro" ao dizer
que, por este motivo, o pontífice não poderia ser do Brasil. "Deus já é
brasileiro e vocês queriam um papa?", ironizou ele ao cumprimentar uma
jornalista brasileira presente no voo.
Após expressar preocupação com os jovens sem emprego e
lembrar os idosos, Francisco, de pé no corredor, cumprimentou todos os jornalistas
individualmente, sempre com um sorriso no rosto. Em discurso aos profissionais
da imprensa presentes, o papa surpreendeu ao falar dos idosos. Chamou-os de
"o futuro de um país" e afirmou que, assim como os jovens, sofrem com
uma "cultura descartável".
"Os jovens, neste momento, estão em crise. Estamos
acostumados a uma cultura descartável. Fazemos isso frequentemente com os
idosos e, agora, com essa crise, estamos fazendo o mesmo com os jovens",
disse o papa a um grupo de 70 jornalistas que disputavam espaço entre cadeiras
da classe econômica para vê-lo e ouvi-lo.
"Algumas vezes, fomos injustos com os mais idosos,
que deixamos de lado, como se não tivessem nada para nos dar. É verdade que os
jovens são o futuro de um povo porque têm energia, mas não são o único futuro.
Os jovens são o futuro porque são jovens e, os idosos, porque têm a sabedoria
da vida".
Com relação à sua viagem como papa, Francisco disse que o
motivo é encontrar os jovens em seu "contexto social". "Eles
pertencem a uma família, a um país e a uma fé. Não devemos isolá-los,
especialmente da sociedade".
DESEMPREGADOS
Francisco disse que está preocupado com a falta de
trabalho entre os jovens: "corremos o risco de criar uma geração que nunca
terá trabalhado. O trabalho dá dignidade à pessoa e a habilidade para ganhar o
pão".
Avesso à impressa, o papa não aceitou perguntas, rompendo
uma prática de Bento 16 e João Paulo 2º. Ele riu quando uma repórter mexicana,
escolhida para falar em nome do grupo, disse que os jornalistas não eram seu "santo
de devoção".
"E agora você está na jaula do leão", brincou
ela, arrancando risos do papa Francisco.
"É verdade que não dou entrevistas, eu não sei o
motivo, simplesmente não posso, é cansativo", disse, depois de negar que
se sentia "enjaulado".
Conversando com outro brasileiro, perguntou: "vocês
dizem que a Argentina tem um papa argentino. E vocês o que tem?"
Ele mesmo respondeu, brincando: "eu".
A conversa com os jornalistas ocorreu nas primeiras horas
da viagem, quando o avião sobrevoava o deserto do Saara. Depois do encontro,
Francisco voltou a seu assento, na primeira classe.
VITRINE
DO CARIRI
Folha
Online
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