A
promotora de Justiça de Defesa do Consumidor do Ministério Público do Estado do
Acre (MPE/AC) Alessandra Marques diz ter sofrido ameaças de morte por
investigar a empresa Telexfree (Ympactus Comercial Ltda.), que está proibida de
operar por acusação de praticar pirâmide financeira.
As
ameaças foram postadas na página pessoal da promotora no Facebook. Com isso, o
MP pediu proteção de policiais, que acompanham Marques durante todo o dia. Ela
afirma não ter mudado a rotina da vida após as ameaças. "Muitas pessoas
não entendem que estamos querendo preservá-las. Nosso objetivo é fazer com que
a empresa devolva o dinheiro que os divulgadores investiram", disse.
A
juíza que pediu a paralisação dos serviços da empresa, Thaís Borges, da 2ª Vara
Cível da Comarca de Rio Branco, também disse que foi ameaçada. A ação contra a
Telexfree faz parte de uma força-tarefa conduzida pelos Ministérios Públicos
federal e estaduais que investigam indícios de pirâmides financeiras pelo país.
A
prática de pirâmide financeira é proibida no Brasil e configura crime contra a
economia popular (Lei 1.521/51), pois só é vantajosa enquanto atrai novos
investidores. Assim que os aplicadores param de entrar, o esquema não tem como
cobrir os retornos prometidos e entra em colapso. Nesse tipo de golpe, são
comuns as promessas de retorno expressivo em pouco tempo.
Atuando
no Brasil desde março de 2012, a Telexfree vende planos de minutos de telefonia
de voz sobre protocolo de internet (VoIP na sigla em inglês). Porém, segundo a
acusação, isso seria apenas uma fachada. "O problema é que o produto não
existe. Se você pegar a publicidade da empresa, é toda em cima de adquirir
dinheiro e não de produto", diz a promotora destacando o crescimento da
empresa em pouco espaço de tempo, algo que "nenhum outro negócio lícito no
Brasil poderia proporcionar".
Desbloqueio de contas de associados
No
final de semana, a Telexfree divulgou uma nota na qual afirma que ofereceu
cerca de R$ 660 milhões à Justiça como garantia para desbloquear as contas dos
associados e poder voltar a fazer novos cadastros. De acordo com a promotora,
os serviços são considerados irregulares e não poderiam ser aceitos. A
movimentação de dinheiro da empresa está proibida pela Justiça desde o final de
junho. A Telexfree também continua impossibilitada de realizar novos cadastros
de divulgadores, sob pena de multa diária de R$ 500 mil.
A
Telexfree possui mais de 1 milhão de associados em todo o país. "São
muitas famílias desesperadas por ter perdido tudo. É lamentável que muitos
órgãos de fiscalização tenham demorado tanto para observar que havia um
enriquecimento muito rápido por parte de algumas pessoas", disse.
O
modelo de negócios da empresa, porém, foi considerado insustentável pela
Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda. Isso
porque o faturamento da Telexfree viria, sobretudo, das taxas de adesão pagas
pelos associados –chamados de divulgadores–, e não da venda de pacotes de
minutos.
O
ator Sandro Rocha, que interpretou o personagem "Rocha" no filme
"Tropa de Elite", publicou na semana passada um vídeo afirmando que
vai deixar a Telexfree. O ator foi um dos maiores divulgadores do negócio, por
meio de vídeos na internet. Em uma dessas publicações, ele afirma ter ajudado
parentes e amigos a entrarem no negócio.
O
anúncio da saída do ator do negócio ocorre após o bloqueio do acesso dos
associados da Telexfree ao escritório virtual da empresa, no qual era possível
verificar as informações sobre ganhos. A empresa afirma que a medida foi tomada
após a tentativa de invasão dos terminais por hackers.
Fonte:
Vitrine do Cariri
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