A
Paraíba está sofrendo redução no abastecimento de combustível nos postos devido
a um processo de diminuição de custos adotado pela Petrobrás e escassez de
derivados de petróleo no país. Além disso, há um aumento significativo nos
contratos de exportação e graves problemas com logística. Por essas razões, a
distribuição pelo Porto de Cabedelo teve redução de 50% e poderá ser feita
totalmente por Suape, em Pernambuco.
Os
donos de postos de combustível de João Pessoa alegam que, dessa forma, os
produtos serão transportados no Nordeste pelas rodovias, o que deve encarecer
os produtos. Contudo, ainda não é possível determinar se haverá aumento nos
preços.
As
informações foram confirmadas nesta quarta-feira (17) pelo presidente do
Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados de Petróleo na
Paraíba (Sindipetro-PB), Omar Hamad Filho. Ele esclarece que a Petrobrás quer
concentrar em Pernambuco os procedimentos de recepção e distribuição dos
combustíveis no Nordeste, reduzindo ao máximo o trabalho do entreposto no porto
de Cabedelo, região metropolitana de João Pessoa.
“A
Paraíba deixou de vender cerca de 10 milhões de litros somente no mês de junho
com as reduções no fornecimento. Cabedelo recebia quatro navios com produtos
[com 20 milhões de litros], mas agora recebe somente dois. Parte do que é
utilizado na Paraíba vem de Pernambuco e isso poderá ser mais frequente, porque
a distribuição para vários estados da nossa região deverá ser 100% concentrada
no Porto de Suape”, diz Omar.
Ele
lembra que os problemas com abastecimento na Paraíba existem desde o final de
2012. Os consumidores nem sempre encontram o combustível que procuram nos
postos porque há rodízio e revezamento na distribuição. “Por exemplo, parte dos
postos recebe gasolina aditivada. Outros têm apenas a comum. Alguns recebem uma
quantidade de diesel um pouco menor. No Estado, isso ocorre sempre, desde
dezembro do ano passado, e deixa muita gente sem o derivado que precisa”,
explica.
A
dificuldade de encontrar o produto adequado para os automóveis é confirmada
pelos consumidores paraibanos. O publicitário Rafael Rubens relata que só
abastece com gasolina aditivada, mas, às vezes, não a encontra em todos os
postos. O produtor Júlio César Araújo também revela que não acha o tipo de
combustível que procura e precisa se deslocar com frequência para outro posto
que tenha o produto adequado para o veículo dele. Situação semelhante é
enfrentada pelo jornalista Luís Carlos. “Postos de Bayeux, na Grande João
Pessoa, e também no bairro Jaguaribe, na Capital, não têm determinados tipos de
gasolina. Paro meu carro para abastecer, mas acabo tendo que me dirigir a outro
local para encontrar o produto que preciso”, revela.
O
presidente do Sindipetro explica que os problemas com a distribuição dos
combustíveis são nacionais e revela que há uma séria complicação observada na
logística. Ou seja, nas formas de transporte e armazenamento dos derivados de
petróleo. Segundo ele, não há previsão de uma solução para o caso e Omar
declara ainda que não pode falar sobre preços.
“Não
estou vendo providências para resolver essas pendências com a logística. A
tendência é que fique pior, podendo chegar a um consequente colapso no abastecimento
de combustível nos postos paraibanos, em setembro deste ano. As refinarias
novas do Brasil devem aumentar o fornecimento de diesel, não de gasolina. Não
posso adiantar nada sobre preços porque isso ainda é muito prematuro. Chega a
ser cômico lembrar que o nosso país exporta derivados para o mundo, mas agora
não tem o suficiente para o consumo nacional”, disse.
Por Alisson Correia e Adriana Bezerra
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