Zabé nunca havia descido da loca. Dizem que viveu lá por
cerca de 25 anos, criou dois filhos, trabalhou e tocou pífano. Nas pedras da
Serra do Tungão, próximo de Monteiro, cariri paraibano, havia reservas do
líquido precioso do Cariri paraibano, a água natural, garantindo a
subsistência. E também abrigo.
Duas paredes de taipa fecharam um vão entre as pedras,
que serviu de moradia para a família. Daí a referência ao nome: “Zabé da Loca”,
da gruta onde morou. Quando Zabé desceu, foi para ser reconhecida em todo o
Brasil na música regionalista. Dividiu os palcos com Carlos Malta, Hermeto
Pascoal, Gabriel Pensador, o grupo Cabruêra e muitos outros músicos em shows no
Rio de Janeiro, Recife e Brasília. Nesta segunda-feira (13) ela completa 90
anos de idade e vai comemorar com os amigos em uma grande festa, perto da loca,
no próximo sábado.
Isabel Marques da Silva veio de Buíque, Pernambuco, onde
nasceu, com o pai e os irmãos para trabalhar na colheita do algodão. Ela tinha
16 anos. Tempos depois, a família retornou a Pernambuco, mas, no início da
década de 1940, Zabé voltou à estrada e se fixou na região de Monteiro. De novo
na roça, além das dificuldades do serviço pesado, enfrentava o assédio de
outros homens. Solteira, Zabé teve uma filha a quem deu para a adoção, por
falta de condições de criá-la.
Em seguida, conheceu Delmiro, “era um negão forte”, descreveu-o,
soltando uma risada. Tornou-se seu marido e com ele teve dois filhos homens,
João e José. Delmiro também era músico e as rodas de cantoria eram frequentes
em casa.
VITRINE
DO CARIRI
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