segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Transparência: Prefeituras paraibanas gastaram 8,6 mi com diárias em 2013



De janeiro a novembro de 2013, 217 prefeituras paraibanas gastaram R$ 8,6 milhões com o pagamento de diárias aos servidores municipais. É o que indica um levantamento do Tribunal de Contas da Paraíba (TCE-PB). Cinquenta e sete delas, que possuem menos de 35 mil habitantes, gastaram uma média de R$ 50 mil, cada uma, com o pagamento do benefício.

Em alguns desses municípios pequenos, o gasto com diária ultrapassa os R$ 100 mil. A prefeitura de São José de Princesa, tem 4.219 habitantes, gastou de janeiro a novembro de 2013, R$ 123.985,00 com o pagamento de diárias. O prefeito de São José de Princesa, Luiz Ferreira de Morais (PMDB) e a vice-prefeita, Ângela Rubia Diniz Morais, pai e filha respectivamente, abocanharam R$ 50,4 mil com o benefício. Os valores recebidos em diárias por Luiz Ferreira e Rubia Diniz variavam entre R$ 5 mil e R$ 150.

Luiz Ferreira levou R$ 20.300 mil de uma só vez, recebeu R$ 5 mil para “viagem à cidade de Patos e João Pessoa, a fim de tratar de assuntos de interesse deste município, mês de janeiro de 2013”, conforme consta no Sagres. Ângela Rubia Diniz Morais (PC do B) levou R$ 31,1 mil. Os valores variaram entre R$ 150 e R$ 3 mil.

O município de São Bento tem 30.879 habitantes e gastou R$ 164.964,43 com diárias. As justificativas para o recebimento dos recursos são sempre vagas. O prefeito Gemílton Souza da Silva (PR) recebeu em 26 de novembro de 2013, R$ 1.760,00. Consta no Sistema Sagres do Tribunal de Contas. Também no Sistema Sagres consta que um funcionário da prefeitura recebeu R$ 14.500,00 em diárias, de janeiro a novembro de 2013.

Os municípios menores foram os que mais fizeram uso do dinheiro público. A prefeitura de Campina Grande gastou R$ 321.962,05 com o pagamento de diárias, o município ocupa o primeiro lugar no Estado com gastos dessa natureza. O segundo lugar ficou com João Pessoa com o pagamento de R$ 249.874,94. Em seguida aparece São Bento com gastos de R$ 164.964,43. O quarto lugar ficou com município de São José de Princesa. Na quinta colocação está Monte Horebe com gastos de R$ 121.390,00.

Segundo ele, não se pode fazer uma avaliação se os gastos da prefeitura foram excessivos ou não sem antes fazer uma análise detalhada do levantamento do TCE.  Romero disse que quando viaja paga as despesas do próprio bolso. “O que eu uso de transporte, de alimentação, em deslocamento, tudo sou eu quem custeia. Só que um servidor da prefeitura não vai fazer isso e nem tem obrigação, como eu também não tenho, mas cada um tem seu estilo de governar”, ressaltou.

Ele passou quase 10 anos ocupando secretarias Estaduais e municipais e nunca recebeu uma diária. “Já recomendei, inclusive, para cortar diária, gasto com combustível, com passagens e o que posso fazer para contribuir com essa redução tenho feito”, declarou. 

A prefeitura de Bayeux utilizou, apenas, R$ 200 com o pagamento de diárias, o prefeito Expedito Pereira (PSB) afirmou que deve ter havido algum erro. “Isso está errado, dever ter sido muito mais do que isso”, disse. “Ele acredita que o valor gasto com essa finalidade deve ter ultrapassado R$ 10 mil.” Gastou de R$ 15 a 20 mil. Só à Brasília fui umas cinco vezes, em 2013”, comentou.
Expedito afirmou que existem pessoas que se aproveitam das diárias para fazer caixa. “Para desviar recursos. Graças a Deus esse não é o meu caso, até porque sou medido e não preciso disso”, enfatizou.

Marizópolis: prefeito recebe R$ 10 mil em um mês

O prefeito de Marizópis, José Vieira da Silva (PTB), recebeu R$ 10.800 em diárias. De uma só vez, levou R$ 8 mil. Segundo consta no Sagres, o valor foi utilizado para arcar com as despesas pela estada de cinco dias do gestor em Brasília “para resolver assuntos de interesse do gabinete”. Nesse caso, o valor unitário do benefício foi de R$ 1,6 mil. A maior paga no Estado.

“Quem paga minhas diárias é o município, é lei e mais do que justo”, afirmou José Vieira. Ele informou ainda que uma diária para o chefe do Executivo para fora do Estado é de cerca de R$ 600. Questionado sobre o valor de R$ 8 mil recebidos em maio desconversou. “Dever ter sido, deve ter sido, é por ai mesmo”.

Ele considerou justo o que recebeu em diárias durante o ano de 2013. Mesmo tendo casa em João Pessoa, José Vieira recebeu várias diárias para vir à Capital. Um delas foi no valor de R$ 2,4 mil para suprir as despesas de seis dias. “Essas diárias são pagas através de lei aprovada pela Câmara”, arrematou o prefeito.

Mais gastos Prefeitura gastou R$ 108 mil em 2013

Em Alagoa Nova a “farra” com diárias foi grande. Lá, a prefeitura gastou R$ 108,9 mil com o pagamento do benefício, valor considerado alto para o porte do município o prefeito, Kleber Herculano de Moraes (PMDB). disse que o valor é elevado porque a execução de programas sociais aumentou muito no município em relação há anos anteriores.

Kleber Moraes informou que tem direito a R$ 200 por diárias dentro do Estado e de R$ 400 para fora. “Faz muito tempo que não pego diária”, disse.  Segundo ele, quem mais recebe o benefício são os motoristas e pessoas que trabalham em funções que não podem parar Para passar quatro dias em Brasília, Kleber Moraes recebeu R$ 2,4 mil. Valor bem menor do que embolsou o prefeito de Marizópolis, José Vieira. 

Gastos excessivos devem ser devolvidos

O presidente do Tribunal de Contas da Paraíba (TCE-PB), conselheiro Fábio Nogueira, disse que quando há constatação de excessos no pagamento de diárias, não justificados, o gestor público, ou ordenador de despesa, deverá arcar com o ressarcimento dos valores excedentes e a ele, também, poderá ser imputada multa. “Assim como qualquer outra irregularidade, poderá ensejar a emissão de parecer contrário à aprovação das contas do gestor e, consequentemente, seu julgamento irregular”, alertou. 

Fábio Nogueira afirmou que os servidores que receberem indevidamente ou tirarem vantagem no pagamento de diárias também podem ser penalizados. “É esperado que, constatado algum tipo de favorecimento, se proceda administrativamente, ou através de sindicância, para apuração da culpabilidade e, consequentemente, punição do servidor. Constatada a inércia, e caracterizado o dano, o Tribunal de Contas imputa o valor pago indevidamente”, explicou o conselheiro. 

O conselheiro garantiu que o TCE está atento ao manuseio do dinheiro público e que os técnicos do Tribunal analisam os mínimos detalhes que possam, ou não, justificar o pagamento das diárias. “Esse procedimento de rotina permite questionar e, até, identificar eventuais concessões fictícias”, declarou Nogueira. 

Ato normativo define regras para diárias

O pagamento de diária é um auxílio pecuniário concedido ao servidor público, a título de indenização, por despesas extraordinárias com alimentação, hospedagem e locomoção urbana em decorrência de viagem ou deslocamento para o cumprimento de uma ou execução de um serviço, por delegação da instituição em que está lotado. Segundo Fábio Nogueira, os critérios para a concessão de diárias são estabelecidos através de ato normativo do gestor público; no caso do Poder Executivo, via de regra, são especificados em lei ordinária, que deve ser compatível à Lei Orgânica e à Lei Orçamentária Anual do município.

Para o conselheiro Fábio Nogueira, não basta exigir a legalidade do emprego dos recursos públicos. Segundo ele, as políticas públicas devem alcançar, além da eficiência, da economicidade e da eficácia, a efetividade, que consiste na execução dos planejamentos orçamentários, devem atender às necessidades da população.

Além das ações efetivas de controle externo, Fábio Nogueira informou que o TCE dispõe de instrumentos que facilitam e estimulam o controle social, exercido pela população. Como exemplo, citou o Sagres online que, segundo ele, antecipou-se às Leis da Transparência e de Acesso à Informação em uma década.

Redação com TCE e Correio da Paraíba

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