A Polícia Civil de Balneário Camboriú (SC) apreendeu
carros e documentos da Multiclick, num inquérito que apura os crimes de lavagem
de dinheiro e estelionato. A empresa também é investigada como possível pirâmide
financeira que atraiu cerca de 300 mil pessoas.
Com a medida, são ao menos cinco os negócios que,
apresentados como marketing multinível, foram alvos de apreensão ou bloqueio de
bens em 2013. Contra todos eles, pesam suspeitas de serem disfarces para a
constituição de pirâmides – fraude em que os investidores mais antigos são
remunerados com o dinheiro dos mais novos.
No caso da Multiclick, os interessados tinham de pagar
taxas de adesão de R$ 600 a R$ 2.750. A promessa era de lucrarem de R$ 160 a R$
800 por mês por meio da colocação de anúncios na internet e da atração de mais
gente para a rede. Em entrevista ao
iG publicada em 18 de julho, o ator
Sandro Rocha, do filme "Tropa de Elite 2", disse ter trocado a
Telexfree pela Multiclick. Ele retornou ao recado deixado em seu celular nesta
segunda-feira (11).
“Minha sogra conseguiu tirar R$ 800, e investiu R$ 5 mil.
Minha tia investiu R$ 2.750 e não tirou nenhum centavo”, conta Alexandro
Ferreira de Medeiros, de Natal (RN), que diz ter R$ 2.500 a receber da empresa.
'Empresa
legal'
O modelo colocou a Multiclick na lista de negócios alvo
de uma força-tarefa antipirâmides constituída de promotores de Justiça e
procuradores da República. A defesa da Multiclick chegou a tentar evitar
bloqueios judiciais, à semelhança do que ocorreu as outras quatro empresas já
questionadas. Os pedidos, feitos à Justiça Federal em Santa Catarina e no Rio
Grande do Norte, não foram aceitos.
Num vídeo disponível desde julho na internet, o diretor
da empresa, Wagner Alves, chegou a pedir que os investidores divulgassem que
"a Justiça decidiu que a Multiclick Brasil é uma empresa legal e deve
continuar as suas atividades normalmente, tranquilamente".
Segundo Alexandre Medeiros, de Natal, o site da empresa –
por onde os investidores acessavam suas contas – saiu do ar há cerca de duas
semanas. Os canais de atendimento da empresa não têm dado resultado. "Por
telefone você não consegue, por e-mail não respondem. Por chat, pior",
conta. "O presidente foi enrolando, prometeu que em 25 de outubro eles iam
pagar todo mundo. Mas não pagaram nada."
A Promotoria de Justiça de Florianópolis, responsável
pelo inquérito civil em que a Multiclick é investigada por suspeita de
pirâmide, não comentou as informações, com argumento de que o processo tramita
sob segredo de Justiça. O advogado da empresa não retornou ao contato feito
pelo celular.
Inquérito
criminal
A busca e apreensão contra a Multiclick ocorreu na
sexta-feira (8) e foi determinada no âmbito da investigação criminal contra a
empresa e seus sócios, conduzida pela Delegacia da Comarca de Balneário
Camboriú, onde a empresa tem sede. De acordo com Márcio Colatto, delegado
responsável pelo caso, ninguém foi preso, e o paradeiro dos sócios é conhecido.
Colatto orienta quem investiu na empresa a procurar a polícia. “A orientação é registrar
a ocorrência e juntar cópia dos documentos que têm.”
Por:
Vitor Sorano - iG São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário